segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Eduardo Campos: quinta-coluna ou conservador igual aos Bornhausen



Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

 
EDUARDO CAMPOS DEU UMA PEDRADA NA POMBA SOCIALISTA.





Todo mundo sabe que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sempre militou politicamente no campo da esquerda, bem como é de conhecimento geral que ele é neto de um dos ícones da esquerda brasileira, o governador Miguel Arraes, falecido em 2005 e que ficou no exílio por longos 14 anos, por força da ditadura militar.

É de conhecimento público também que a sigla PSB significa Partido Socialista Brasileiro, agremiação política fundada em 1947, extinta pelo Ato Institucional nº 2, em 1965, e recriada, em 1985, com a volta da democracia no Brasil, a partir de 1982 quando aconteceram as eleições para governadores naquele ano.

O PSB é um dos dois partidos de esquerda que sempre foi aliado do PT. O outro é o PCdoB, que se juntou a ambos, em uma luta política e partidária de âmbito nacional, que desde as primeiras eleições presidenciais, em 1989, tem marcado os dois partidos. O PDT também fez parte dessas alianças, mas algumas vezes teve candidato próprio e se aliou ao PT no segundo turno. O PT e o PSB são ideologicamente próximos em vários propósitos e questões políticas, mas a partir de 2012 estão a se afastar, porque o presidente do PSB, Eduardo Campos, tem um projeto pessoal, que o leva a se aproximar da direita brasileira.

Os socialistas recentemente filiaram políticos de direita e até mesmo de extrema direita em vários estados, a exemplo da oligarquia catarinense dos Konder Bornhausen, representada por Jorge e Paulo, sendo o primeiro conspirador e golpista de primeira hora quando do golpe militar de 1964, e o segundo, seu filho, igualmente conservador, eram os donos do DEM de Santa Catarina, o pior partido do mundo, bem como controlaram a UDN, a Arena, o PDS e o PFL naquele estado, pois siglas históricas do que há de mais atrasado e reacionário em termos ideológicos, econômicos e sociais no Brasil.

Se esses partidos de direita e já extintos dos Bornhausen, além do DEM, existissem no século XIX, não tenho quaisquer dúvidas, pois certamente seriam favoráveis ao sistema de escravidão. Contudo, o leitor conservador que está agora a ler este artigo, exclama: “O PT também se aliou a direitistas para chegar ao poder”.  E eu respondo: “Acontece que o PT fez alianças em âmbito partidário e institucional. Os governos trabalhistas de Lula e de Dilma Rousseff formaram governos de coalizão para terem maioria no Congresso. Por sua vez, nenhum político direitista entrou nos quadros do PT, que é o partido majoritário no Planalto cujo projeto de País e programa de Governo são efetivados, paulatinamente, no decorrer dos últimos 11 anos, apesar da campanha negativa e insidiosa da qual o Partido dos Trabalhadores é alvo, por parte da imprensa de mercado e de setores reacionários da sociedade brasileira”.

E eis que de repente e não mais do que de repente, o governador pernambucano resolve se candidatar a presidente da República, sem ter estrutura partidária e muito menos sua figura ser conhecida pelos brasileiros. Eduardo Campos é a esquerda que toda direita gosta. Entretanto, é também o socialista que seu avô, Miguel Arraes, não gostava. O político que se considera socialista se mostra um quinta-coluna e trai e praticamente rompe com a coligação histórica com o PT e PCdoB, para se aventurar em um voo baixo, sem rumo e desprovido de projeto e programa para o Brasil.

Por seu turno, Campos enfrenta reações no próprio partido cuja parte da Executiva e dos governadores, deputados e senadores discordam da intenção de o governador se afastar de uma aliança de 24 anos, que proporcionou a Eduardo Campos administrar seu estado com vultuosos investimentos, pois Pernambuco, depois do Rio de Janeiro, é o estado que foi mais beneficiado pelos presidentes trabalhistas e socialistas de Lula e Dilma Rousseff.

Abrir as portas para direitistas históricos e oportunistas que sempre combateram a esquerda brasileira é uma desfaçatez de Eduardo Campos e coloca o PSB em uma situação de agremiação de aluguel. Aliar-se a um partido da expressão simbólica e histórica do DEM não é coisa simples, porque se trata de um partido umbilicalmente ligado à ditadura militar, por ser o espólio autêntico da UDN, que tanto fez mal ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil, bem como inegavelmente combateu, severamente, a emancipação do povo brasileiro.

O DEM, por seu histórico, não é o PMDB ou o PR. Não é! Ponto. Sei que muita gente, por questão ideológica e preconceito de toda monta, vai discordar. Entretanto, para quem conhece um pouco de história do Brasil e de seus partidos, sabe do que eu estou a tratar. Não se discute a história com mentiras e manipulações de toda ordem, como o faz, sistematicamente, a imprensa alienígena e de passado e presente golpistas.

O DEM representa, efetivamente, tradicionalmente e historicamente a vertente politicamente conservadora deste País. O DEM tem história, apesar das trocas de siglas. Ele é a verdadeira direita brasileira desde os tempos do Império. A outra vertente política e genuinamente brasileira é a trabalhista, que teve quatro representantes no poder, a exemplo de Getúlio Vargas, João Goulart, Lula e Dilma, sem me esquecer do personagem de grandeza nacional, o governador Leonel Brizola, um dos políticos históricos deste País. Todos eles personalidades trabalhistas; e todos sofreram, e muito, nas mãos da direita escravocrata brasileira.

Considero absurdas as ações e as atitudes do governador Eduardo Campos, que é, volto a repetir, a esquerda que a direita gosta. E ele sabe disso. Age dessa forma equivocada porque, na verdade, o político pernambucano é um socialista a meia bomba, mequetrefe, e que sempre foi aliado do PT por falta de espaço político nas hostes dos conservadores, pois, no caso de Campos, ser mais conservador do que a direita canavieira de Pernambuco é a mesma coisa que se uma pessoa entrar no mar e querer nadar melhor do que um peixe.

Todavia, com o fracasso da direita brasileira em termos eleitorais e programáticos cujo maior exemplo é o PSDB, Eduardo Campos percebeu que se abria uma oportunidade para que ele se apresentasse como uma nova via política, que, prontamente, recebeu o apoio da golpista imprensa burguesa (aquela que cinicamente chama as manifestações de “pacíficas” enquanto os que protestam jogam merda e pedras em suas sedes), que ora tem de ser prudente, calculista e oportunista, porque é aliada há 20 anos dos tucanos paulistas, que nos últimos anos foram três vezes derrotados pelo PT e seus aliados, entre eles o governador Eduardo Campos.

Quem conhece a história dos partidos e suas diversas correntes ideológicas e programáticas sabe do que eu estou a falar. A direita perdeu a vergonha. Alia-se a qualquer candidato que ela perceba que pode, ao menos, fazer sombra aos atuais candidatos do PT, a ser os dois principais a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, que já avisou que o candidato do Partido dos Trabalhadores é a atual presidenta.

A verdade é que a corrente direitista brasileira está tão desmoralizada, que até mesmo o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — aquele que, humilhado, foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes —, veio da esquerda. A verdade é que Fernando Henrique e José Serra sempre foram “esquerdistas” mequetrefes, a pisarem salões nobres e por isto não é à toa que eles são o que são: os coxinhas totalmente descompromissados com os interesses do Brasil e completamente sem vocação e vontade de conhecer realmente o povo brasileiro. O Brasil profundo.

Os dois governaram o Brasil e São Paulo não como mandatários e estadistas, mas, obviamente, como mercantilistas, gerentes a fazerem deste País uma gigantesca feira de negócios com o patrimônio público brasileiro que eles não construíram, pois quem edificou o Brasil moderno foram os trabalhistas. Muito pelo contrário, a direita brasileira quando esteve no poder sempre tirou do povo, o explorou, o oprimiu e nem emprego lhe garantiu, como bem demonstram os índices e os números do desgoverno de FHC, o vendilhão da pátria e que se acha no direito de abrir a boca para tentar “ensinar” aquilo que ele não aprendeu e nunca teve vontade de fazer, porque governou somente para os ricos.

O problema maior de Eduardo Campos é exatamente ter de dividir a atenção da direita empresarial brasileira, da imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) e dos partidos de direita, porque os de esquerda estão na coligação do PT. E por quê? Porque vai ser muito complicado para o campo conservador largar o PSDB do senador Aécio Neves, que até hoje, mesmo a ser o candidato da direita, sofre rejeição dos tucanos paulistas, aqueles mesmos que se acham a última coca-cola do mundo e que confundem o conhecimento formal acadêmico com sensibilidade social e experiência de vida. Uma burrice acadêmica e tucana, não?

A verdade é que Eduardo Campos tem os Konder Bornhausen como aliados e neste momento o velho Arraes deve estar dando voltas em seu túmulo, e a se indagar: Por que, meu Deus? Os Bornhausen Jorge e Paulo estão no PSB. É de se tirar o chapéu para o oportunismo dos dois, pois são as essências e as representações do atraso político, do retrocesso social, do egoísmo econômico e financeiro e conseguem entrar no PSB. Seria cômico se não fosse trágico. Os Bornhausen socialistas...


Logicamente que Eduardo Campos está completamente mordido pela mosca azul. Perdeu os sentidos e deve se considerar um gênio da política, bem como o consideram assim os jornalistas da imprensa rastaquera, que está perdida entre Aécio ou a qualquer um que possa, enfim, derrotar o PT e a sua candidata. Eduardo Campos deu um tiro no pé ou nos dois. Realmente, ele é a esquerda que a direita adora. É isso aí.

Um comentário:

Valerio Sobral disse...

O PSB se perdeu no rumo e na ideologia quando aceitou a filiação da oligarquia Ferreira Gomes. Os FG não tem ideologia alguma, apenas a fome pelo poder. Em 30 anos de carreira política, eles já esão no sexto partido: Arena, PDS, PMDB, PSDB, PPS e PSB. as ainda é tempo de rever esse erro absurdo.