Na sessão
desta última quinta-feira, disse o ministro Barroso que “vota com sua
consciência e não se pauta pelo que vai sair no jornal do dia seguinte”. É o
resumo da ópera 470 – vulgarmente conhecida como Mensalão do PT: submeter-se ou
não à Globo?
A estratégia
preparada por Joaquim Barbosa foi a de isolar o derradeiro voto (que
desempatará em 6 x 5 para um dos lados) para a próxima sessão, quarta-feira que
vem, e assim jogar o ministro Celso de Mello aos leões da mídia durante os
próximos 7 dias.
Se resistir à
pressão vulcânica que o aguarda nesta semana, na mídia, e acabar por aceitar os
tais embargos infringentes – adiando ou apagando para sempre as capas que o PiG
sonha imprimir há 8 anos –, Celso de Mello salvará o STF (e, mesmo, a
consciência dos outros cinco ministros que tentam “executar” o PT
sumariamente).
Por outro lado, se
o ministro dobrar-se à vontade da mídia e consentir que se algeme os petistas
em praça pública(da), realizará o sonho de curto prazo de Globo, Folha, Estadão
e Veja. Neste caso, ao contrário do que muita gente pensa, a novela estará
longe de terminar. Além de transformar o STF na casa da mãe Joana da Globo e
abrir precedentes para outros linchamentos nos mesmos moldes da 470 em qualquer
tribunal do Brasil, a prisão de Dirceu, Genoino, J. P. Cunha e Delúbio levará o
caso à Corte da OEA – que tem o poder de anular o julgamento ou partes dele.
Isso significaria mais desmoralização ao STF e seus atores. Não só no Brasil,
mas aí sim, perante toda a comunidade jurídica internacional.
Os ministros que
votaram pela degola imediata dos réus parecem não se importar em serem
achincalhados por quem entende de direito penal. Parece que o que mais aterroriza
Barbosa e os demais que votam com ele é a opinião publicada na imprensa. Desde
o início do julgamento ficou evidente sua postura político-partidária a serviço
de interesses escusos.
Ao PiG só interessa
uma coisa: algemar e fotografar. Mais tarde podem anular o julgamento, pouco
importa. O estrago já estaria feito: finalmente o PT estaria “em cana”.
Claramente a
serviço da Globo (o que será que prometeram a Barbosa além dos “5 minutos de
fama”?) o STF aceitou a tese parida nas fétidas redações do PiG e Barbosa
conduziu o caso construindo “indícios” que qualquer estudante de primeiro ano
de direito consideraria insustentáveis. A omissão de provas a favor do chamado
“núcleo político da quadrilha” já foi exaustivamente criticada por toda a
comunidade jurídica do país. A bizarra utilização de argumentos como o “domínio
do fato” devolvendo aos réus a tarefa de provar sua inocência só é aceita pela
mídia e seus leitores coxinhas. Henrique Pizzolato é mais inocente que uma
criancinha mas, fato é que se aliviarem para um único réu, todo o julgamento
desmoronará como um castelo de arreia. (Por isso Barbosa resolveu julgar e
condenar todos ao mesmo tempo correndo esse risco.)
Os seguidores da
Globo & Famiglia dividem o mundo entre petistas e anti-petistas. Discordar
da existência do Mensalão – esse delírio midiático que tentam nos enfiar goela
abaixo há 8 anos – não significa ser petista. Significa ter um mínimo de
inteligencia e bom senso. Porque uma das principais características do idiota
político é pensar que está numa arquibancada de um Fla-Flu. Nisso se resume sua
“visão” política.
Chamar vândalos
mascarados e o bando de filhinhos de papai que os seguem de “vozes das ruas” é
risível. O povo mesmo, o povão que os reaças tratam como gado comprado com o
“bolsa-esmola”, jamais foi às ruas para protestar contra os governos petistas.
Ao contrário, elegeram e reelegeram este governo por três vezes seguidas e com
larga folga.
O mensalão é um
expediente desgastado. Foi utilizado sem o sucesso eleitoral esperado nas urnas
de 2006, 2008, 2010 e 2012. Em 2014 vai ser a raspa do tacho. E depois do
mensalão? A oposição voltará a fazer política? Construirá um projeto
alternativo e consistente para oferecer ao país? E o mais difícil de tudo:
construirá um candidato que realmente pense no povo brasileiro? Ou vão
continuar batendo na tecla “destruir o PT e dane-se o resto”?
De qualquer
maneira, cedo ou tarde, a novela do chamado Mensalão do PT ficará para trás. E
as excelências do STF terão vários pratos cheios para degustar: o mensalão do
PSDB, a sonegação da Globo, o cartel das licitações de Covas, Serra e Alckmin,
o destravamento da Satiagraha de Daniel Dantas, a Privataria de FHC…
Fonte: O que será que me dà?
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