Dos 77 aprovados em
2012, 15 vieram da Escola Latino-Americana, cujo currículo é criticado por
especialistas; exame é obrigatório no Brasil
31 de agosto de
2013
Bárbara Ferreira
Santos - O Estado de S. Paulo
Médicos formados em
Cuba foram os mais aprovados no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas
Médicos (Revalida) em 2011 e 2012. Dos 65 que conseguiram revalidar o diploma
em 2011, 13 estudaram na Escola Latino-Americana de Cuba (Elam), assim como 15
dos 77 aprovados em 2012. Os dados são do Ministério da Educação (MEC) e foram
obtidos via Lei de Acesso à Informação.
A escola oferece
curso de Medicina para estudantes de 113 países, incluindo brasileiros saídos
de movimentos populares. A instituição, porém, recebe críticas de especialistas
e conselhos de Medicina brasileiros, pois seus profissionais têm de fazer um
complemento nos estudos para atuar no sistema de saúde cubano.
Para o presidente
do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid Célio Jayme Carvalhaes, os
médicos aprovados no Revalida têm o conhecimento necessário para exercer a
profissão no Brasil, apesar das críticas à escola. “Sabemos que, por
determinação do governo cubano, os alunos da Elam não podem atuar em Cuba sem o
complemento (residência). Mas, se foram aprovados no Revalida, têm o mínimo
exigido para atuar no Brasil. Eles passaram, tiveram mérito”, disse.
Quem estudou na
Elam e teve seu título aprovado no Brasil diz que não há diferença na prática
médica dos dois países. “Mas a gente vê que os formados em Cuba têm um enfoque
mais humanitário. Na faculdade, por exemplo, tive uma disciplina específica de
Medicina Familiar e Comunitária e atendi os pacientes onde eles precisavam”,
afirma a médica paulistana Denise Assumpção do Nascimento, de 32 anos.
Ela se formou na
Elam em 2003, fez especialização em Medicina Comunitária na Venezuela e teve
seu título revalidado no Brasil em 2011. Hoje, cursa Medicina do Trabalho no
Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP).
O corpo técnico e a
vice-reitora da Elam, Yoandra Muro Valle, foram procurados pelo Estado, mas não
responderam aos pedidos de entrevista.
Nessas duas edições
do exame, os médicos formados na Bolívia foram os que mais se inscreveram. Em
2011, dos 677 inscritos, 304 haviam se formado naquele país. Em 2012, eles
foram 411 dos 884. Porém, o porcentual de aprovação foi um dos menores, de
4,61% e 3,65%, respectivamente.
Para os estudantes
que foram estudar na Bolívia, o principal fator para a baixa aprovação é a
falta de controle do governo sobre a qualidade das escolas. “Os brasileiros são
maioria na Bolívia e querem voltar para o País quando se graduam, como eu estou
tentando. O problema é que tem aumentado o número de escolas de baixo preço,
sem controle adequado do Estado”, diz o brasileiro Juan Domingo Alpire Ramos,
formado em 2011 em Cirurgia Geral pela Universidad Mayor de San Simón, uma das
mais tradicionais do país.
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