Os representantes regionais do PT aprovaram, durante a
reunião, nesta segunda-feira (30), o Manifesto dos Diretórios Regionais
em defesa do partido. No texto, o partido reforça a importância do 5º
Congresso Nacional do PT para o fortalecimento da sigla, diz que é hora
de a legenda "assumir responsabilidades", "sair da defensiva" e
"corrigir rumos".
Leia a íntegra do Manifesto:
“Manifesto dos DRs
Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e
aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a
nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT — quem
sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa
organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas
virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da
miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos
governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres
nas universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País
tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um
preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou
sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora reverter, sem
eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da Petrobrás,
denunciados e investigados sob nosso governo -– algo que não ocorria em
governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção
nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto
adverso de crise mundial prolongada.
Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os
fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores, nos marcos
do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer filiado do PT seja
condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas
fileiras.
O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré conservadora em
marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a
extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as
vezes que as 2 mudanças aparecem no horizonte. Para isso, para sair da
defensiva e retomar a iniciativa política, devemos assumir
responsabilidades e corrigir rumos. Com transparência e coragem. Com a
retomada de valores de nossas origens, entre as quais a ideia fundadora
da construção de uma nova sociedade.
Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro
com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num partido com vocação
democrática e transformação da sociedade – e não num partido do
“melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia participativa no
Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de alguns
desvios que abalaram a confiança no PT.
Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será aberta, a fim de
recolher contribuições, críticas e novas energias de fora, deverá
sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter
plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que
imobiliza direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo.
O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez conservadora que
dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos apoiadores que
não necessariamente aderem às atuais formas de organização partidária.
Queremos um partido que pratique a política no quotidiano, presente
na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não somente que sai a
campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de Fundação, para
quem a política deve ser “ atividade própria das massas, que desejam
participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas,
principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim
será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes
estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam
tomadas pelas maiorias”.
Tal retomada partidária há de ser conduzida pela política e não pela
via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas, formativas, de
atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos sociais,
juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos inicialmente
representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou, até,
hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória
de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência política e ideológica
às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo pernicioso,
reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao “cretinismo”
parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos
intermediários e estratégicos.
Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;
3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e
setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos
sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de
mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores,
da reforma política, da democratização da mídia e da reforma
tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;
5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o
projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em
tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e
médias cidades, a fim de melhorar as condições de saneamento, habitação e
mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os
Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da
economia;
10. Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da
América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de
pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de
avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de
continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo.
Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim
será!
São Paulo, 30 de março de 2015″
Nenhum comentário:
Postar um comentário