quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ABSOLUTAMENTE CERTO

6/11/2008

Lula:Quem aposta contra crescimento pode quebrar a cara


Por Redação, com Reuters - de Brasília


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira que quem apostar que o crescimento da economia brasileira será baixo em 2009 pode "quebrar a cara".

A atual previsão do governo é que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4,5% no ano que vem, mas o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já informou que a estimativa será revisada para 3,7% ou 3,8% nos próximos dias. Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2009 para 3%, contra os 3,5% da previsão anterior.

- Quem está apostando num crescimento muito baixo em 2009 pode quebrar a cara. Os analistas que tomem cuidado - declarou o presidente em discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado "Conselhão".

Lula disse que a pior fase da crise financeira internacional já passou e voltou a incentivar o consumo no fim do ano. "Eu sou o mais otimista dos brasileiros. Onde eu puder falar para ninguém deixar de comprar o que estava pensando em comprar eu vou dizer", destacou Lula, voltando a criticar os oposicionistas que torcem pelo pior.

Por outro lado, o presidente lembrou que a conjuntura exige cautela.

- Época de crise é época de apertar o cinto - alertou.

Para Lula, o momento agora é de preparar o país para o pós crise.

- Na hora em que essa crise estiver debelada, quem estiver mais preparado vai sair na frente e aí vai chegar o momento do Brasil e de outros países emergentes - afirmou.

Segundo ele, se a sociedade entrar em "pânico", o mercado doméstico encolherá e investimentos e empregos serão cortados. "Depende de nós transformarmos o ano de 2009 em um ano bom. Se a gente ficar choramingando ou torcendo contra nós mesmos, o ano será ruim."

O presidente ponderou, entretanto, que está sendo pragmático, pois o governo está acompanhando a crise com atenção, adotando medidas pontuais e as reajustando quando acredita ser necessário.

- Esse é o momento de a gente ser realista. Não é nem o momento de a gente passar um ufanismo de que não existe nada nem o momento de a gente ver que tudo acabou - sublinhou, complementando que o Executivo voltará a agir quando preciso, sem jogar dinheiro fora ou abandonar a estabilidade fiscal.

- Em momento de crise, as pessoas muitas vezes exageram nas reivindicações. Nós nunca vamos poder dar tudo o que as pessoas precisam. Vamos dar aquilo que é possível dar, nas condições em que a gente não possa quebrar o Estado como já se quebrou outra vez - ressaltou.

Desconfiança

Lula voltou a criticar a falta de liquidez do mercado financeiro nacional. O presidente reconheceu que nem todos os efeitos das medidas anunciadas pelo governo já podem ser sentidos e que há atualmente um processo de desconfiança. Mas afirmou que os bancos devem aumentar a oferta de linhas de financiamento.

De acordo com o presidente, como os bancos públicos e privados brasileiros são responsáveis por cerca de 80% de todo o crédito no Brasil, não há "muita explicação" para a redução de financiamentos.

- Me parece que, pelas informações que a gente ouve aqui e ali, a falta de crédito é maior do que deveria ser no Brasil - afirmou.

- Por favor, peça para os bancos liberarem logo esse dinheiro aí. Estou vendo os aposentados querendo tomar dinheiro emprestado ali. Se não tiver, meu filho, vai tudo para o vinagre - completou.

Em relação às medidas já anunciadas pelo governo, Lula voltou a assegurar que os bancos públicos não comprarão carteiras de crédito que não tenham garantias.

- Nós não estamos aqui para comprar carteira podre. Não vamos fazer como em outros tempos em que o governo comprava a casca do siri e a carne os outros já tinham comido - ironizou.

Obama

Um dia depois de parabenizar a eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos, Lula cobrou atitude firme do novo governante. Segundo o presidente brasileiro, Obama precisaria resolver a crise em um ano para não perder o capital político conquistado durante a campanha.

- Ele vai ter que resolver imediatamente a crise americana. Ele vai ter que tomar decisões para que ela não se agrave - disse Lula, completando que o democrata é inteligente o suficiente para tomar medidas rapidamente.

- Agora, essa crise pode ser debitada nas costas do atual governo. Um ano depois, se ela não estiver resolvida, ela fica debitada em quem tomou posse - disse.

Lula acredita que os próximos encontros entre os líderes dos principais países do mundo ajudarão a diminuir a crise.

- Esperamos que na reunião que vamos ter na sexta-feira e no sábado, em São Paulo, dos bancos centrais e dos ministros da Fazenda do G20 Financeiro a gente possa avançar um pouco - afirmou.

- Espero que na reunião de Washington com o G20 a gente possa resolver um pouco mais - concluiu.

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