quarta-feira, 5 de novembro de 2008

VIVA A DEMOCRACIA! VIVA O DEMOCRATA, DE LÁ, CLARO!

Obama faz história e conquista a Casa Branca

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

WASHINGTON (Reuters) - O democrata Barack Obama conquistou a Casa Branca na terça-feira, após uma extraordinária campanha de dois anos, derrotando o republicano John McCain e fazendo história ao se tornar o primeiro negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos.

Obama tomará posse como 44o presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2009, tendo pela frente enormes desafios, como a crise econômica, a guerra do Iraque e a reforma do sistema público de saúde. Seu vice será o senador Joe Biden.

A vitória de Obama foi projetada pelas redes de TV às 2h de quarta-feira (hora de Brasília), com o fechamento das urnas na Costa Oeste. Mas a derrota de McCain já parecia evidente com o andamento da apuração em Estados importantes, especialmente Ohio e Pensilvânia. A Flórida também acabaria com o democrata.

A vitória de Barack Hussein Obama, 47 anos, filho de um negro do Quênia com uma branca do Kansas, é um marco na história dos EUA, 45 anos após o auge do movimento dos direitos civis liderado pelo pastor Martin Luther King.

"Ela já estava vindo havia muito tempo, mas nesta noite, por tudo o que fizemos hoje, neste momento definidor, a mudança chegou à América", disse Obama a 125 mil eufóricos simpatizantes reunidos na festa da vitória no Grant Park, em Chicago.

"O caminho pela frente será longo. Nossa escalada será árdua. Podemos não chegar lá em um ano ou em um mandato, mas América, nunca estive tão esperançoso do que nesta noite de que chegaremos lá", afirmou.

Obama, senador em primeiro mandato por Illinois, comanda uma goleada eleitoral democrata, que também ampliou a maioria do partido na Câmara e no Senado, numa demonstração de repúdio do eleitorado aos oito anos do governo republicano de Bush.

McCain, 72 anos, senador pelo Arizona e ex-prisioneiro de guerra no Vietnã, telefonou para Obama para cumprimentá-lo e elogiou a campanha instigante e inédita do adversário.

"Chegamos ao final de uma longa jornada", disse McCain a simpatizantes. "Peço a todos os norte-americanos que me apoiaram que se juntem a mim não só em cumprimentá-lo, mas em oferecer nossa boa-vontade ao nosso próximo presidente."

A vitória de Obama motiva festas em todo o país, da Times Square, em Nova York, à Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, onde Martin Luther King pregava.

"Esta é uma grande noite. Uma noite inacreditável", disse o deputado John Lewis, da Geórgia, que em 1968 foi brutalmente agredido pela polícia de Selma, Alabama, durante uma passeata pelo direito ao voto para os negros.

O pastor Jesse Jackson, ativista do direitos civis e duas vezes pré-candidato a presidente na década de 1980, participou da festa em Chicago, com lágrimas nos olhos.

ECONOMIA

Numa campanha dominada até o final por notícias ruins na economia, a liderança de Obama e suas propostas sobre como lidar com a crise desequilibraram a disputa a seu favor. As pesquisas de boca-de-urna mostraram que a economia era a principal questão da campanha para 60 por cento dos eleitores.

Obama promete reduzir impostos para norte-americanos de classe média e baixa, cobrando mais dos que ganham acima de 250 mil dólares por ano. Com esse discurso econômico, conquistou Estados onde há grande eleitorado operário, como Ohio.

O democrata venceu também em Flórida, Virgínia, Iowa, Novo México, Nevada e Colorado, todos eles Estados que haviam votado em George W. Bush em 2004. Obama também confirmou a preferência democrata para a Pensilvânia, último Estado onde McCain ainda alimentava esperanças de uma virada.

Obama vencerá com mais de 300 delegados no Colégio Eleitoral, bem acima dos 270 necessários. Com quase dois terços das urnas apuradas em todo o país, Obama tinha 51 por cento dos votos populares, contra 48 por cento de McCain.

A votação encerra uma épica campanha de dois anos, marcada por uma rápida ascensão de Obama, até então um obscuro senador recém-eleito, e uma acirrada disputa pela indicação partidária contra a senadora Hillary Clinton.

Paralelamente a isso, McCain recuperou uma candidatura que parecia perdida e conseguiu a indicação republicana, chegando a liderar as pesquisas em alguns momentos --até que em setembro a crise em Wall Street deslocou a balança definitivamente em favor de Obama, mais bem avaliado pelo eleitorado em questões econômicas.

A campanha republicana ainda tentou reagir acusando Obama de ser "socialista" por querer redistribuir renda, ou de ser "camarada" de terroristas.

Mas, num ambiente de hostilidade aos republicanos, McCain sofreu para se distanciar de Bush. As pesquisas de boca-de-urna indicam que três quartos dos eleitores acham que os EUA vão no rumo errado.

Na disputa pelo Congresso, os democratas também obtêm bons resultados. Dificilmente, porém, conseguirão "roubar" nove vagas dos republicanos no Senado, formando a cobiçada "superbancada" de 60 integrantes, o que impediria a oposição de realizar obstruções regimentais.

Ainda há algumas disputas em aberto, mas os democratas preservaram todas as suas vagas e tiraram cinco dos republicanos --inclusive de políticos de destaque, como John Sununu (New Hampshire) e Elizabeth Dole, esposa de Bob Dole, candidato republicano a presidente em 1996.

Os democratas também ampliaram sua bancada na Câmara em cerca de 25 deputados, o que lhes garante uma ampla maioria.

Nenhum comentário: