sábado, 4 de outubro de 2008

ISSO É COISA DO PCC

Advogado de Dantas diz que é espionado

Machado levanta suspeita sobre oficiais da Abin e agentes da PF

Fausto Macedo

Nelio Roberto Seidl Machado, advogado que integra o bloco de defesa do banqueiro Daniel Dantas, denunciou ontem à Procuradoria-Geral da República que é alvo de espionagem.

Ele não identifica seus perseguidores, mas suspeita de oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agentes da Polícia Federal que participaram da Satiagraha, investigação sobre suposto esquema de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha envolvendo o controlador do Grupo Opportunity.

O advogado pede a Antonio Fernando de Souza, o procurador-geral, "apuração dos lamentáveis episódios" de que se diz vítima. Cita pelos menos duas passagens para reforçar seus argumentos, a primeira ocorrida na noite de 11 de junho em um restaurante japonês em Brasília, a outra no dia 10 de julho no Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo.

Nas duas ocasiões, assinala Machado, arapongas o teriam filmado. Ele supõe, ainda, que seus telefones estão sob interceptação clandestina e que até em seus gabinetes de trabalho, no Rio e em São Paulo, tenha sido instalada escuta ambiental. "Não vou me curvar, mas esse tipo de expediente espúrio não pode ficar impune", disse.

Machado pede que o seu caso seja investigado no mesmo inquérito - número 964/2008 - aberto por requisição do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que teria sido grampeado em conversa telefônica com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Ele entregou cópia de sua petição aos ministros Mendes e Eros Grau e ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Há indicações conclusivas, concludentes e incontestáveis no sentido de que fui seguido por figuras que pertencem ou à Polícia Federal ou à Abin", afirma Machado. "Por agir na conformidade da lei, impetrar ordem de habeas corpus no STF, com base na Carta Cidadã, com esteio nos direitos fundamentais dela constantes, convolou-se em conduta proibida ou suspeita, motivando o procedimento policialesco, abusivo e ilegal."

Ele narra que jantou em 11 de junho no Original Shundi, em Brasília, para onde se havia deslocado com objetivo de ingressar com habeas corpus em favor de Dantas perante a instância máxima do Judiciário. O pedido foi distribuído ao ministro Eros Grau.

Machado refuta a informação de que teria jantado em companhia de assessores do presidente do STF. "Eu estava com colegas de advocacia, sequer conheço os assessores do ministro", garante o criminalista.

CAMPANA

A Satiagraha foi deflagrada quase um mês depois, em 8 de julho, quando Dantas foi preso por ordem do juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal. No dia seguinte, o presidente do STF mandou soltar o banqueiro. No dia 10, novamente Sanctis decreta a custódia de Dantas, agora por suposta trama de suborno de um delegado da PF. Nesse dia, Nelio Machado desembarca em Congonhas quando, segundo alega, percebeu que estava sendo filmado.

"Seguir um advogado, fazem ?campana? logo após o ingresso de habeas corpus no STF, acompanhando seus passos, tudo isso está a indicar prática abusiva e ilegal, que viola as prerrogativas profissionais, revelando abuso de poder, o que não chega a constituir surpresa, diante de tantas ilegalidades que permearam a operação Satiagraha", relata Machado no ofício ao procurador-geral.

"Não se irá transigir, menos ainda ocorrerá acovardamento, até porque advogado não tem receio de autoridade no cumprimento do dever", diz.

A Polícia Federal não se manifestou sobre as suspeitas de Machado. Procuradores da República, ao serem informados da representação, disseram que é "curioso" o fato de apenas agora o advogado de Dantas fazer a denúncia sobre fatos que teriam ocorrido entre junho e julho
Comentário.
Vai ver que Marcola, líder do PCC, não está gostando da defesa feita por Nélio Machado, que anda preocupado demais com a defesa do não menos bandido Daniel Dantas.

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