quarta-feira, 22 de outubro de 2008

NÃO AO PROER, ESTATIZAÇÃO GERAL JÁ.


Segundo ministro da Fazenda, governo não vai injetar recursos na Caixa e no BB para que comprem ações

Agência Estado

SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira, 22, que a autorização para os bancos estatais comprarem bancos privados não é uma medida permanente. Segundo ele, essa autorização responde à necessidade de momento em meio à crise de liquidez. Mantega afirmou que, depois de compradas as instituições e restabelecido o crédito, esses bancos poderão ser revendidos a preço de mercado. O ministro ressaltou que, apesar das medidas "não há banco quebrando no País", e o sistema financeiro está "sólido".


Além disso, ele afirmou que o governo não pensa em fazer aporte no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal para que estas instituições possam realizar as operações permitidas pela MP 443. "O BB e a Caixa têm liquidez suficiente para fazer essas operações", afirmou o ministro.


Segundo ele, além de poderem adquirir participação em instituições financeiras, os dois bancos também poderão comprar instituições previdenciárias. "Estamos criando a possibilidade de o BB e da Caixa atuarem em vários segmentos", disse o ministro. Segundo ele, o BB e a Caixa poderão comprar a participação acionária dos seus sócios nos fundos de pensão que já possuem ou mesmo comprar de outras empresas.


O ministro explicou que são as instituições privadas interessadas em serem vendidas que procurarão os bancos públicos para fazer a negociação. De acordo com Mantega, os bancos privados também devem procurar outras instituições privadas para avaliarem qual é a melhor oferta.

Em entrevista coletiva, Mantega ressaltou que a medida cria uma alternativa para as instituições que hoje enfrentam problemas de liquidez, que poderão alienar parte de suas ações ou até o controle acionário para instituições financeiras públicas, medida que era até então vedada, mas que era permitida para o setor privado. O ministro explicou que a nova possibilidade é favorável às instituições que estão com problema de liquidez, porque elas ganham uma alternativa para sanar esse problema.


O ministro destacou que a medida também favorece a concorrência no sistema financeiro entre os potenciais compradores e, com isso, pode melhorar o preço a ser recebido pelas instituições em dificuldade. Afinal, novos players passam a participar desse mercado. Mantega destacou que o governo tem atuado para resolver o problema de liquidez no sistema e lembrou que o BC já liberou o compulsório para resolver esse problema, tanto liberando diretamente os recursos como vinculando essa liberação à venda de carteiras de crédito.

'Sistema sólido'

O ministro afirmou que o sistema financeiro brasileiro é sólido porque é menos alavancado, mais prudente e mais capitalizado do que em outros países. "Mas isso não o isenta de ter problemas de liquidez, por isso o Banco Central está devolvendo os depósitos compulsórios, criando mais alternativas para criar liquidez", disse. O ministro afirmou que uma prova de que não há bancos com problemas é que não há corrida ao redesconto do Banco Central. "Então é porque a situação está tranqüila", declarou.

Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que não há demanda pelo redesconto. "Não foi feita nenhuma operação de redesconto porque não teve instituição que julgou necessário buscar o Banco Central", afirmou Meirelles.

Construção

O ministro explicou que a MP 443 permitirá que a Caixa Econômica Federal tenha participação acionária nas empresas do setor de construção civil. Segundo ele, será criada uma "Caixa Participações ("Caixa-Par"), a exemplo do que faz hoje o BNDES, por meio da BNDES-Par. Segundo Mantega, a BNDES-Par já foi instrumento importante no passado para a consolidação de empresas brasileiras.

De acordo com Mantega, a medida significa capitalizar as empresas de construção civil para que elas possam dar prosseguimento aos seus empreendimentos. "Será criada uma 'Caixa-Par', de modo a manter a capitalização dessas empresas", afirmou o ministro. Segundo ele, no ano passado, houve uma capitalização espontânea no setor habitacional, mas, com a crise, pode haver uma interrupção do fluxo de capitalização para essas empresas, o que dificultaria a continuidade de suas atividades.

Mantega destacou que o setor é importante para o desempenho da economia e lembrou que, no Brasil, apenas entre 3% e 3,5% do PIB são destinados de financiamento para este setor, enquanto que, para outros países, este porcentual chega a 30%. Mantega disse que a medida vai reforçar o setor habitacional para que ele possa manter o desempenho dos últimos dois anos.

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