Até o presente
momento, o chanceler Antonio Patriota e sua equipe continuam calados diante da
agressão sofrida por Evo Morales", destaca o jornalista e diretor
editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel, Breno Altman; "O avião
do presidente boliviano foi impedido de pousar em Portugal, Espanha, Itália e
França, sob suspeita de estar transportando o ex-espião norte-americano Edward
Snowden. Os governos desses países, ajoelhados diante da pressão de Washington,
violaram os mais comezinhos direitos internacionais", critica
Até o presente
momento, o chanceler Antonio Patriota e sua equipe continuam calados diante da
agressão sofrida por Evo Morales. O avião do presidente boliviano foi impedido
de pousar em Portugal, Espanha, Itália e França, sob suspeita de estar
transportando o ex-espião norte-americano Edward Snowden. Os governos desses
países, ajoelhados diante da pressão de Washington, violaram os mais comezinhos
direitos internacionais.
Mas o Itamaraty
está em silêncio. Ao contrário das demais nações integrantes do Mercosul e da
Unasul, o Brasil ainda não ergueu sua voz em protesto contra a agressão
imperialista sofrida pelo presidente de um país irmão. Talvez o faça logo mais,
assim se espera. Predomina, por ora, o papel de retaguarda quase sempre
sugerido ao governo pelo conservadorismo que continua predominando na
chancelaria.
A diplomacia
brasileira, aliás, desde o princípio vem se comportando, sobre o caso Snowden,
de forma pusilânime. Logo de cara rechaçou, em declaração pública, a mera
análise do pedido de asilo político solicitado pelo homem que desmascarou a
rede ilegal de espionagem dos Estados Unidos em todo o planeta.
Vale lembrar que o
Itamaraty, por outro lado, não piscou o olho para oficializar refúgio ao
senador boliviano Roger Pinto, um oposicionista que responde a mais de vinte
processos por corrupção e narcotráfico. O ministro de Relações Exteriores tem
se dedicado a pressionar o governo boliviano para conceder salvo-conduto a esse
parlamentar, que se encontra foragido na embaixada brasileira em La Paz.
Há quase três anos,
durante ato de artistas e intelectuais que apoiavam a candidatura de Dilma
Rousseff, o músico Chico Buarque de Hollanda resumiu a política internacional
conduzida pelo presidente Lula: "É um governo que fala de igual para igual",
afirmou. "Não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o
Paraguai e, por isso mesmo, é respeitado no mundo inteiro."
Parece que Patriota
resolveu abandonar este axioma. Talvez esteja feliz da vida que a presidente
brasileira será recebida com pompa e circunstância pela Casa Branca, em
outubro, e está disposto a qualquer ato de bom-mocismo para não estragar a
festa, que provavelmente considera o ápice de sua atividade governamental. Está
virtualmente tirando os sapatos para atravessar o controle imigratório do
império.
O Partido dos
Trabalhadores, que seja feita justiça, divulgou nota corajosa de repúdio ao
desrespeito sofrido pelo líder boliviano (PT condena fechamento de espaço aéreo
a avião de Evo Morales), na qual também sugere que os países da Unasul ofereçam
coletivamente asilo a Snowden. O chanceler, porém, continua em estado
letárgico. Será necessário novamente que a presidente Dilma lhe puxe as
orelhas, como ocorreu durante o golpe no Paraguai?
O tempo corre, em
episódios desta natureza, contra o prestígio angariado por dez anos de política
internacional independente e soberana. São nesses momentos de tensão e
confronto, afinal, que uma nação consolida sua liderança ou se dobra de forma
vergonhosamente subalterna.
Breno Altman é
jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário