Maycon Freitas,
personagem desta semana das Páginas Amarelas da revista Veja, tem página no
Facebook repleta de mensagens antidemocráticas, preconceituosas e violentas;
"Galera, tive uma ideia: que acham de eu ir lá no Congresso em Brasília,
me acender e tocar fogo geral?", pergunta ele, que postou foto sua com
roupas de combate e fuzil na mão; dublê da Rede Globo, onde trabalhou no
policial Linha Direta, ele é direto e grosso no que pensa sobre respeito ao ser
humano: "E vai tomar no c... quem é a favor dos direitos humanos";
Veja deve desculpas a seus leitores; a não ser que concorde com o que Maycon
diz a todos
Veja já teve
mais critério ao selecionar entrevistados para suas "páginas
amarelas", ou, na verdade, é o contrário: agora sim é que Veja tem
nitidamente um critério ideológico para eleger seus entrevistados. No caso, o
"jovem" e "técnico de segurança do trabalho que vive de bicos e
já trabalhou como camelô e dublê" Maycon Freitas, de 31 anos.
Uma pesquisa básica
no Facebook e nas mensagens de Twitter postadas pelo mesmo Maycon Freitas
mostra que ele simpatiza com ideias típicas de extrema direita, dissemina a
homofobia e cultua a violência. Um perfil real que não aparece em uma linha
sequer da entrevista publicada pela principal revista do Grupo Abril, feita por
Álvaro Vale. Ali, Maycon surge como um líder forte e renovador, que detesta os
partidos e os políticos, mas que renega a violência. Bem diferente do que ele
realmente é, dito por si mesmo:
"Marcelo
Freixo, vai dar meia hora de c... com o relógio parado e chupar um canavial de
rola, seu filho da puta. Direitos humanos é o caralho, seu
FROUXOOOOO!!!!!!", postou ele, por exemplo, em sua página, a respeito do
deputado estadual do Rio de Janeiro.
Entre fotografias
em que aparece ao lado da estrela Xuxa, da Rede Globo, Maycon postou a si
próprio vestido como policial militar, de fuzil na mão. Explica-se: Maycon
trabalhou sim como dublê, e isso foi para a Rede Globo, no programa Linha
Direta, que explorava casos policiais de maneira romanceada..
Em poucas palavras,
numa postagem anterior, ele definiu sua posição sobre direitos humanos,
garantidos à humanidade desde a Declaração Universal, de 1948:
"E vai tomar
no c... quem é a favor de direitos humanos", cravou Maycon, como se
estivesse espetando uma baioneta no coração da democracia.
Foi esse
"jovem" para o qual Veja desta semana, nas bancas, abriu sua seção
considerada mais nobre, de três páginas.
Além de ser um
rematado reacionário, que nitidamente não tem sintonia ideológica nenhuma com a
grande maioria dos jovens, esses sim, universitários que saíram às ruas de todo
o País, Maycon é um louco incendiário. Exagero? Abaixo,uma de suas últimas postagens
em sua página no facebook:
"Galera, tive
uma ideia.
Que acham de eu
chegar la no congresso em Brasilia, me acender e tacar fogo em geral?
(abaixo)", perguntou o entrevistado de Veja. Não nas paginas amarelas, mas
depois, em sua página no Face, sob efeito da entrevista que o tornou famoso.
Ao abrir a revista
para um personagem desse calibre, mesmo em nome da ideologia que defende, a
revista Veja cometeu uma grande falha de apuração, tendo apresentado a seus
leitores apenas uma parte – e a mais rósea delas – de um cidadão cujas ideias
são extremamente prejudiciais à democracia. Deve a publicação desculpas a seus
leitores, a não ser que concorde com o que pensa o "herói" Maycon.
Leia, ainda, texto de Paulo Nogueira, ex-diretor da Abril, sobre o entrevistado de Veja, noDiário do Centro do Mundo:
O heroi da Veja diz
que bandido bom é bandido morto
Maycon Freitas é a
vanguarda do atraso.
Desequilibrado,
agressivo e fanático: o heroi da Veja
Obtusidade? Má fé
cínica? Ambas?
Faça sua escolha.
Tantos jovens
brilhantes emergindo nos protestos, e eis que a Veja consegue escolher, para
dar nas suas Páginas Amarelas, um certo Maycon Freitas que tem sido,
justificadamente, chamado de ‘débil mental’ nas mídias sociais.
Maycon, segundo a
Veja, teria se destacado nas manifestações do Rio.
Wellington diria
que quem acredita nisso acredita em tudo, mas o ponto não é a liderança, ou
pseudoliderança, que ele possa ter exercido.
São suas ideias,
cruamente expostas em sua página no Facebook.
Uma mensagem conta
quase tudo.
“Marcelo Freixo,
vai dar meia hora de cu com o relógio parado e chupar um canavial de rola, seu
filho da puta. Direitos humanos é o caralho, seu FROUXOOOOO!!!!!!”
Outra mensagem de
Maycon afirma o seguinte: “Bandido bom é bandido morto”.
Maycon se declara
presidente de uma certa UCC, União Contra a Corrupção. Não se sabe direito o que ele faz quando você
percorre sua página.
Numa hora, ele
aparece vendendo dólares e aparelhos eletrônicos. Mas num vídeo que circula
hoje pela internet ele diz, histericamente, ser funcionário da Globo.
Viaja muito, e
publica fotos das viagens, muitas delas sem camisa. Diz ser faixa preta de
alguma luta marcial, para enfrentar pessoas maiores.
Seu heroi,
claro, é Joaquim Barbosa, o “guerreiro”.
“Fique firme,
suporte com galhardia e não esmoreça jamais”, escreveu ele sobre JB. “Toda a
nação depende do senhor.”
Aprecia também o
promotor paulista Rogério Zagallo, que recentemente sugeriu que a tropa de
choque paulistana abrisse fogo contra manifestantes do MPL.
A terra de sua
adoração são os Estados Unidos. Ele vibrou quando a família do jovem acusado em
Boston não encontrou cemitério. “Por isso que sou fã dos EUA. Enterrar
vagabundo é o cacete. Manda pro Brasil. Aqui vagabundo tem direito.”
O Brasil é um “país
de merda”, por este tipo de coisa, composto por um “povo de merda”.
Em outro texto, ele
diz: “E vai tomar no cu quem é a favor de direitos humanos”.
Ele diz que é
vascaíno ao publicar uma foto de uma latinha de Coca Zero com a inscrição
“Flamerda”.
Teme a ‘ditadura
comunista’, bem como a ‘ditadura bolivariana’, e isso mostra que ele é,
essencialmente, um homem assustado.
Importante notar:
ele é irrelevante. Não influencia ninguém.
Seus posts no
Facebook, pré-Amarelas, em geral não tinham nenhum comentário e nenhum “curti”.
Alguns raros tinham
duas ou três manifestações, uma das quais vinha sempre de sua mulher, Cris.
Nada da mente
fanática de Maycon apareceu na entrevista, feita pelo jornalista Álvaro Vale,
ao qual ele agradeceu a gentileza no Facebook.
Álvaro é um
jornalista de verdade? Se é, por que não confrontou Maycon com algumas de suas
aberrações publicadas? Um dia talvez ele, Álvaro, se dê conta de quanto sua
reputação se mancha ao fazer um jornalismo tão desonesto.
Você lê e se
pergunta: é esse o Brasil que emergiu?
Só para a Veja.
Queremos um Brasil
à imagem e semelhança de Maycon Freitas?
Talvez a Veja queira.
2 comentários:
São essas notícias que devem circular nas redes sociais, para que os jovens possam aprender um pouquinho de política. Peço, encarecidamente, que espalhem essa e a do Joaquim Barbosa para mostrar aos indignados jovens o que realmente acontece no Brasil. Será que haverá outra ida às ruas?
São essas notícias que devem circular nas redes sociais, para que os jovens possam aprender um pouquinho de política. Peço, encarecidamente, que espalhem essa e a do Joaquim Barbosa para mostrar aos indignados jovens o que realmente acontece no Brasil. Será que haverá outra ida às ruas?
Postar um comentário