Líder da direita
radical, ex-presidente da poderosa UDR, o democrata(?) Ronaldo Caiado tem sido a grande atração dos encontros do
Partido Socialista Brasileiro no interior de Goiás; a aliança, impensável do
ponto de vista ideológico e programático, pode extrapolar as fronteiras goianas
e culminar no apoio do DEM ao projeto presidencial de Eduardo Campos; é
exatamente o que defende Caiado, que afirma contar com o apoio de pelo menos
seis diretórios estaduais; se isso acontecer, Miguel Arraes dará um duplo twist
carpado no túmulo
Realle
Palazzo-Martini (Goiás247) -A incoerência ideológica e programática dos
partidos produziu ao longo dos anos aberrações políticas Brasil adentro. Nada
comparável, porém, ao que pode acontecer em Goiás, onde o Partido Socialista
Brasileiro (PSB) se esforça para construir uma aliança com o Democratas do
deputado federal Ronaldo Caiado, um expoente da ultradireita no País. O
entusiasmo é tão grande que Caiado fala mesmo em estender a aliança à disputa
nacional, com o apoio do DEM ao presidenciável Eduardo Campos.
Miguel Arraes deve
estar se revirando no túmulo. No sábado (24), o PSB promoveu um encontro
regional no município de Porangatu, Norte de Goiás, distante 410 quilômetros da
capital, Goiânia, onde a principal estrela foi Caiado. O líder ruralista é o
maior crítico do governo Dilma Rousseff no Congresso. Governo, aliás, apoiado
pelo PSB. A presença de Caiado, que por vezes até fala pelo PSB, tem gerado
constrangimentos a alguns (poucos) membros da agremiação socialista.
A aproximação entre
PSB e Caiado em Goiás atende a arranjos regionais, onde há dois eixos políticos
muito bem definidos, restando ao Democrata a tentativa de construir uma
terceira via. O primeiro eixo é comandado pelo governador Marconi Perillo, de
quem Caiado se diz adversário ferrenho (embora seu partido tenha apoiado o
tucano desde 1998). O segundo eixo é formado pela aliança PT-PMDB.
Diante deste
cenário, Caiado se aliou ao empresário Vanderlan Cardoso, egresso do PMDB e
recém-chegado ao PSB. Curiosamente, os dois (tanto Caiado como Vanderlan) se
apresentam como pré-candidatos a governador.
Vanderlan chegou ao
PSB neste ano pelas mãos do presidente nacional da legenda, Eduardo Campos,
governador de Pernambuco, que agiu rápido para preencher a lacuna deixada no
partido com a saída do empresário José Batista Junior, ex-dirigente do Grupo
JBS. Batista foi cooptado pelo PMDB pelas mãos de Michel Temer, numa estratégia
que pretendia (entre outros interesses), fragilizar o palanque regional de
Campos.
Mas a resposta do
governador pernambucano veio à altura com a filiação de Vanderlan, que também é
empresário do ramo de alimentos e tem negócios baseados em Goiás e Pernambuco.
Vanderlan disputou o governo goiano em 2010 e obteve perto de 16% dos votos.
Naquele pleito, Perillo sagrou-se vencedor em disputa com Iris Rezende (PMDB)
no segundo turno.
Nacional
Caiado anda tão
empolgado na parceria com os socialistas que já pensa até mesmo em tentar levar
o Democratas de mala e cuia para o pau de arara presidencial de Eduardo. A
informação consta da coluna do jornalista Elimar Franco, no jornal O Globo
deste domingo (25).
Caiado contou a
Ilimar que seis diretórios regionais (GO, CE, MT, MS, TO, PA) já estão fechando
com Campos e que o grupo tende a crescer. “O PSDB é muito predador com o DEM.
Há dificuldades de convivência nos estados”, disse o Democrata. O principal
exemplo das rusgas entre demos e tucanos está na própria cozinha de Caiado,
Goiás.
E não sem motivo.
Em 2002, diante da
ameaça de Caiado em não apoiar seu projeto de reeleição, Perillo iniciou uma
ofensiva junto à base do então PFL e levou para o PSDB nada menos do que 23
prefeitos ligados a Caiado. O episódio está entalado na garganta do líder
ruralista até hoje e, vez por outra, ele renova as juras de vingança.
Diante desse
quadro, Caiado prevê que haverá um embate, no ano que vem, para decidir se o
partido apoiará Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo. E avisa (para Ilimar): “Vou
trabalhar fortemente para isso. Estamos equilibrando o jogo. Temos chances
reais de levar o partido para Eduardo Campos”.
Se isso acontecer,
Arraes dará um duplo twist carpado no caixão.
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