Lula Miranda
Quem for "do
contra" ao recém-lançado Mais Médicos, parece-me, não ficará muito bem na
foto – não aos olhos do eleitorado, ao menos
Eis que o partido
dos trabalhadores, aparentemente, fez uma jogada de mestre no xadrez político
que joga hoje com o PSDB, com a assistência dos demais partidos, notadamente
PSB e PMDB, que a tudo acompanham, lance a lance a lance, atentamente. E já dá
o tradicional alerta, que serve como uma espécie de aviso-prévio de uma derrota
anunciada ao seu contendor:
-
"Xeque!".
Mas quem será o
enxadrista por detrás de tão desconcertante e improvável jogada?
Enquanto seus
opositores, distraídos e displicentes e, pelo visto, mais familiarizados ao
jogo de damas ou a um singelo dominó, ainda celebravam a queda da aprovação do
governo Dilma nas recentes pesquisas de opinião, o governo lançou,
incontinente, o programa Mais Médicos, que, se efetivamente implementado,
poderá acarretar nas eleições de 2014, guardadas as devidas proporções, o mesmo
impacto que teve o Plano Real para as eleições de 1994. Ou, melhor comparando,
pode significar o mesmo que o PAC representou para a candidatura Dilma.
Não é gratuita ou
forçada essa comparação com o Plano Real – ao qual o PT inicialmente,
lembre-se, para marcar (o)posição, também foi contra. Tal qual faz a oposição
agora, com relação ao Mais Médicos. Tal qual o Plano Real, na época, a força
desse programa é incomensurável, tamanha são as carências da população na área
da saúde e tamanho é o seu apelo social.
Os políticos de
oposição e seus ghost writers na chamada "imprensa de mercado" têm
toda a razão do mundo para essa grita intempestiva que ora se escuta e se lê
nos "jornalões". Não tem dinheiro, seja oriundo do fundo partidário,
de doação legal de grande empresa; não tem "mensalão" ou
"trensalão" que pague essa publicidade que o ministro de Lula/Dilma
está recebendo graciosa e forçosamente nessas mesmas empresas de
"jornalismo" que exercem, com impressionante desenvoltura, seu
"pluralismo" e "imparcialidade" mercantis.
Mas como ser
contrário a uma política pública de importação de médicos para áreas
desassistidas, carentes? Não lhes parece, independente de colorações
partidárias, do corporativismo dos médicos e do conservadorismo delinquente de
parte de nossa classe média, um despautério, uma insensatez ser contrário a tal
medida? Quem for "do contra", parece-me, não ficará muito bem na foto
– não aos olhos do eleitorado, ao menos.
Um problema
adicional para a oposição: se o programa der de fato certo, e existe grande
possibilidade que isso ocorra, a antes débil, e, inclusive, por mim aqui
criticada, candidatura do ministro Alexandre Padilha ao governo do estado de
São Paulo em 2014, ganha a força e a mobilidade de um trem-bala.
Vale ressaltar que
Padilha – mais um "poste" de Lula? – enfrentará, com seu "charme
novidadeiro", um Geraldo Alckmin [que seus opositores chamam de
"picolé de chuchu"] desgastado pelo devastador escândalo do
"propinoduto" tucano e pela chamada "fadiga de material",
causada por 20 anos de um governo medíocre – para dizer o mínimo (ou seria o
máximo?). Some-se a isso o atabalhoado e inacreditável "bate-cabeça"
no PSDB, em face da disputa Serra X Aécio (outra vez?!), e estaremos diante de
um quadro nada auspicioso para o tucanato paulista.
Isso, claro,
considerando-se a premissa de que tal iniciativa não seja apenas mais um tiro
n'água do governo Dilma e do PT. Ou apenas mais uma jogada de marketing
eleitoral. Pois hoje em dia, venhamos e convenhamos, as ações e políticas
públicas se confundem, muitas das vezes, com meras peças de propaganda criadas
por marqueteiros pagos a peso de ouro. E o do PT parece valer quanto pesa – ou
pesar quanto vale, sei lá eu.
Para completar a
jogada, o ministro Mercadante [chamado pela oposição de "o consultor
trapalhão"], impávido, como se fosse a coisa mais natural do mundo, já
anuncia o próximo lance: um tal "Mais Professores". Vale lembrar que
educação não é propriamente o forte dos tucanos e do governo Alckmin. Vale
lembrar ainda que existe um déficit de 49.085 professores efetivos no estado de
São Paulo – 21% do efetivo necessário. A cada cinco escolas quatro (eu disse
4!)tem uma classe sem professor. Precisa dizer mais? Mais professores.
Imaginem quando
vierem os recursos dos royalties do petróleo para a saúde e a educação?! Alguém
precisa parar essa locomotiva!
Irão recorrer ao
Supremo? Irão contar com o amparo providencial de algum Tribunal de [Faz de]
Contas amigo? A oposição irá recorrer ao seu braço armado na Justiça? No
parlamento? Na mídia? De onde partirá o golpe dessa vez?
Como se sabe, já
tentaram "derrubar" o PT do poder no "tapetão". Julgaram,
com um rigor fora da curva, o "mensalão" petista e deitaram em cima
do "mensalão" tucano, esse dentro da curva. Um autêntico e
sub-reptício golpe político via Supremo. Mas, ao que tudo indica, não deu muito
certo. Não surtiram os efeitos esperados a "dosimetria" e os cálculos
feitos pelos engenheiros do tucanato e sua "peculiar" Justiça. O
golpe foi assimilado.
Se os
"supremos" ministros de sempre não socorrerem, novamente e
providencialmente, a oposição em mais essa empreitada, a coisa vai ficar feia
para tucanos e assemelhados, e um pouco mais bonita para o partido dos trabalhadores.
E, espera-se, para o povo brasileiro.
Será que a Justiça
vai, dessa vez, proibir que os médicos cubanos, espanhóis e portugueses exerçam
a medicina nos rincões do Brasil? Será que chegarão a tanto?
Essa é a pergunta
que vale dois palácios: o dos Bandeirantes e o Alvorada.
Bandeirantes e
Alvorada – eis aí duas palavras-chaves, plenas em significados e sentidos.
-
"Xeque-Mate?!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário