Por Davis Sena
Filho — Blog Palavra Livre
{Há oito meses fui
ao médico}. Estou com tendinite em um dos joelhos. Sinto dor e mal consigo
pisar no chão. A dor é lancinante. Estou em uma clínica em Copacabana à espera
de ser atendido há mais de três horas. A clínica é uma associação e atende um
público acima dos 40 anos. O paciente paga por consulta. Quando lá fui
desembolsei R$ 40,00. Muitos idosos que não podem pagar por um plano de saúde
procuram ser atendidos nessa clínica. Enfim, o médico chega. Espero alguns minutos
e sou chamado.
Abro a porta.
Cumprimento o doutor; e ele pede para eu sentar. O médico me olha e diz:
“Desculpe pelo atraso, mas eu fiquei preso em um engarrafamento”, ao tempo em
que completa: “O que você tem?” Informo-lhe da tendinite e a dor. Ele pede para
eu me deitar. Começa a examinar o joelho. Mal toca nele. Pergunto-lhe se ele
quer que eu levante a calça para ele ver melhor o joelho.
Ele balança a
cabeça negativamente, e diz: “Não é preciso. Já sei do que se trata. O doutor
senta, pega a caneta e prescreve uma receita, um analgésico para dor. Saio
espantado e nunca mais voltei lá. Não generalizo, porque não seria justo, mas
são esses os médicos brasileiros que tratam as pessoas com desdém e
desconsideração. Não fui pego de surpresa, pois sei dessa conduta praticada
pelos médicos há muito tempo, tanto no setor público quanto no privado.
Agora, vamos à
pergunta que não quer calar: você acredita mesmo que os jornalistas da imprensa
de mercado, os políticos tucanos e os médicos brasileiros corporativistas e
elitistas estão preocupados com a saúde do povo brasileiro e com a capacidade
profissional dos médicos cubanos?
Vamos à outra
pergunta que insiste em não se calar: você acha que a gritaria e o histerismo
que acontece é porque o Programa Mais Médicos, além de ter o apoio majoritário
da população é também um processo que pode render muitos votos e por causa
disso a direita brasileira, a pior do mundo, está tentando boicotar e sabotar o
programa do Governo trabalhista?
Quem respondeu
“sim” para as duas perguntas acertou, e, como tirou a nota 10, deve saber
também que a criação do Programa Mais Médicos é uma resposta contundente às
manifestações da junho, que exigiram dos governos estaduais, das prefeituras e
do Governo Federal um Sistema Único de Saúde (SUS), que preste serviços de
melhor qualidade para o povo brasileiro.
Evidentemente, a
direita escravocrata deste País aproveitou a oportunidade que lhes deram as
manifestações para achincalhar e desqualificar o Governo trabalhista, mas o
tiro saiu pela culatra, porque a presidenta Dilma Rousseff, segundo as
pesquisas, voltou a melhorar seus índices de aprovação, bem como seu governo se
deslocou mais à esquerda e tratou de reconquistar a credibilidade por pouco
tempo parcialmente perdida com o Programa Mais Médicos.
Além do Mais
Médicos, outros programas já existentes estão a ser incrementados e melhorados,
bem como o Governo Dilma está prestes a lançar o Programa Mais Professores, o
que, indubitavelmente, vai fazer com que os políticos do PSDB e os seus aliados
fiquem mais desesperados do que já estão, e consequentemente, com o apoio da
imprensa de negócios privados, os tucanos vão recrudescer seus ataques aos
principais líderes do PT e autoridades do Governo, a ter ainda como parte do
arsenal de acusações e pretensas denúncias as reportagens direcionadas e
seletivas de Veja, O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo, depois repercutidas
pelos jornais da TV Globo e da Globo News.
Os questionamentos
da direita brasileira ao Programa Mais Médicos são os mais estapafúrdios
possíveis e inquestionavelmente paradoxais. O ódio e o preconceito ideológico
movimentam as mentes e as ações desses grupos conservadores, que lutam contra o
tempo, a história e a evolução da humanidade. Eles não querem dividir,
distribuir para que possamos ter um Brasil justo e democrático. Apostam na
divisão da sociedade e por causa disso manipulam e distorcem a realidade com o
apoio da imprensa burguesa.
Acontece que o
Programa Mais Médicos vai propiciar o atendimento médico a 701 municípios que
foram renegados pelos médicos brasileiros, a maioria oriunda de classes
privilegiadas e ex-estudantes de universidades públicas e também particulares,
que oferecem cursos de Medicina dos mais caros. Temos um corpo médico alienado
socialmente e divorciado das necessidades e dos problemas do povo brasileiro,
que, juntamente com os sucessivos maus governos, são também responsáveis pela
crise na saúde, afinal quem cuida do setor da saúde são os médicos.
O Brasil tem
centenas de municípios sem a presença de médicos. Muitos cidadãos brasileiros
nunca foram atendidos por um profissional de saúde formado em Medicina. Nunca
os médicos capitalistas e consumistas e que através do tempo esqueceram o
juramento de Hipócrates se preocuparam em atender os brasileiros pobres das
periferias e das favelas das grandes cidades, bem como se negam a ir para o
interior, como demonstraram, inapelavelmente, as inscrições para o Programa
Mais Médicos.
Simplesmente os
médicos brasileiros, muito deles preconceituosos, de caráteres duros e frios
com os seus pacientes, preferem ficar em suas cidades, a trabalhar em três
empregos e faltar ao trabalho quando são servidores da saúde pública, bem como
formar sociedades em clínicas e, por conseguinte, ganhar dinheiro, muito
dinheiro em prol de uma vida materialmente estável e prazerosa quando de férias
e na hora de se divertir.
Evidentemente que
não há problema algum de uma pessoa ou profissional querer ganhar dinheiro e
viver de forma confortável. O meu desejo é que todos os brasileiros tenham uma
vida assim. Mas não é a realidade que se apresenta e a responsabilidade social
é também tão importante quanto a vida boa que os nossos médicos burgueses tem e
não abrem mão por um segundo para cooperar com o País e atender àqueles que não
têm acesso a quase nada, inclusive ao atendimento médico e hospitalar.
MÉDICOS COXINHAS: INSENSIBILIDADE E PRECONCEITO IDEOLÓGICO. DILMA NÃO FOI A CUBA; CUBA VEIO AO BRASIL |
É verdadeiramente
lamentável ao tempo que surreal a ação e a conduta de jornalistas
conservadores, a exemplo de Eliane Cantanhêde, Augusto Nunes, Reinaldo Azevêdo
e Ricardo Noblat que não estão nem aí para o Brasil e o seu povo. Considero
também ridículo, extremamente cínico e até mesmo pérfido os ataques de
políticos como Aécio Neves, Roberto Freire e Álvaro Dias ao programa que vai
levar saúde para os rincões deste País — o Brasil profundo. É um despropósito
dessa gente, além de ignomínia inominável.
Os jornalistas e os
políticos de direita consideram a vinda dos médicos perigosa. Essa gente é tão
ideológica e perversa que cinicamente diz acreditar que tais médicos vão servir
como espiões do comunismo internacional. Esses caras, por conveniência
política, resolvem voltar à época da Guerra Fria para sabotar não somente o
Programa Mais Médico, mas, sobretudo, os interesses do povo brasileiro,
principalmente o pobre, que não tem condições de pagar pela saúde privada, que
a classe média coxinha optou, como preferiu também a escola particular e depois
perceber que deu com os burros n’água, porque sustentar durante décadas os
vorazes capitalistas desse segmento é dose para mamute quando não para leão.
A verdade é que a
imprensa alienígena mente; os políticos do PSDB mentem e parte da classe média
coxinha acredita nessas mentiras e repercute no cotidiano de sua vida. Contudo,
não tem jeito, e o Programa Mais Médicos tem a aprovação da população brasileira,
que na hora da enfermidade quer ficar curada da doença que a vitimou e lhe
causa preocupação. A doença não espera e a dor também.
E o que importa é
que os médicos cubanos estão entre os melhores, pois eles trabalham no mundo
inteiro, a realizar a medicina social e não de fundo capitalista como acontece
no Brasil, porque, sem generalizar, os nossos médicos são oriundos de classes
privilegiadas, tonaram-se frios e oferecem uma medicina de má qualidade e, o
que mais me estarrece, francamente desumanizada.
Os médicos deste
País são os maiores responsáveis pela crise na Saúde. E eles sabem por quê.
Quando você vê um sem número de médicos bater o ponto e sumir do trabalho,
percebemos que tais profissionais se dedicam à causa de somente ganhar
dinheiro, em um país fortemente capitalista cuja elite é a propagadora para que
sejamos uma sociedade individualista, consumista e indelevelmente egocêntrica,
em que se valoriza o que você tem e não quem você é. Os médicos brasileiros são
o retrato desse sistema que somente se preocupa com o ter e não com o ser.
E é exatamente por
isso que o Conselho Federal de Medicina (CFM), os Conselhos Regionais de
Medicina (CRM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) estão a gritar, a berrar
e a tentar sabotar o Programa Mais Médicos, com a cumplicidade de uma imprensa
completamente alienada e voltada para os interesses empresariais. Os médicos
coxinhas se recusam a ir para o interior e a periferia, mas,
contraditoriamente, não querem que os médicos estrangeiros ocupem as vagas que eles
desprezaram. Não é um caso para o Sigmund Freud explicar?
Esses playboys
realizam passeatas, inclusive a mostrar faixas e cartazes com dizeres infames,
mas não querem que o Governo resolva a falta de médicos. São os médicos
pequenos burgueses de vida mansa e que se tornam feras quando têm de defender a
reserva de mercado. Tão capitalistas e privatistas quando se trata de apoiar
programas e receitas econômicas de políticos que somente tiram do povo, ao
tempo que tão cônscios de seus interesses, ainda mais quando o Governo
trabalhista, em quem eles não votam, quer distribuir a população médica em todo
o País.
Agora a moda é
dizer que os médicos cubanos vão ser escravizados. Jornalistas de direita como
Augusto Nunes, Eliane Cantanhêde e políticos como Álvaro Dias e Aécio Neves,
dentre muitos outros, têm a insensatez e a cretinice de afirmar que o Governo
de uma socialista e trabalhista como a presidenta Dilma Rousseff vai escravizar
os médicos cubanos. É de um nonsense só. Então, os governos (Lula e Dilma) que
mais distribuíram renda e riqueza, que não venderam o patrimônio público, que
preservaram as leis trabalhistas vão tornar os cubanos escravos. Inacreditável,
não? A verdade é que gente de imprensa
como essa perdeu totalmente a razão e a noção do que é até mesmo razoável
falar.
O negócio é o
seguinte: até para ser cara de pau tem limite e má-fé intelectual também. Só
que esses tucanos travestidos de gente preocupada com o destino e o futuro da
Nação se contradizem, porque não são sinceros, pois sabemos, como seres
humanos, que as pessoas que defendem um mundo para poucos privilegiados tem de
mentir, dissimular, manipular e distorcer a verdade e a realidade dos
acontecimentos e dos fatos.
Como uma pessoa
pode ser contra a contratação de médicos estrangeiros se os médicos daqui não
querem sair dos lugares onde estão? Como pode uma pessoa ser contra o
atendimento médico a brasileiros que não têm acesso a eles? Não dá para ser
contra, concorda? “Então, o que fazer?” — perguntam os reacionários de direita. E eu respondo: “Minta, distorça, manipule e
dissimule. Só que não vai dar certo, porque o povo quer médicos e apoia
programas como o Mais Médicos por não saber de suas necessidades”. Ponto.
A Associação
Brasileira de Médicos se mostrou tão corporativa, elitista e distanciada das
realidades do povo brasileiro que entrou com uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin), no STF, contra o Programa Mais Médicos. A AMB
realmente é um órgão de essência empresarial, mas vai perder, porque mesmo com
um Supremo de juízes conservadores, tal Tribunal não vai se mostrar tão
imprudente ao ponto de ser contrário aos interesses do povo brasileiro. Seria
de mais os juízes se insurgirem contra a população carente para fazer mais uma
vez política de oposição ao Governo trabalhista.
Para finalizar,
vamos esclarecer: ninguém vai ser escravizado. Os governos trabalhistas foram
os que mais combateram o trabalho escravo no Brasil. Quem duvida, que tenha a
disposição de consultar os números e índices do Ministério do Trabalho. Então,
esse papo da direita e da imprensa alienígena de escravidão dos cubanos é
balela, mentira, cinismo e maledicência. Além disso, a remuneração dos médicos
de Cuba é paga ao governo cubano porque esses profissionais de saúde são
funcionários públicos e estão em missão oficial e no exterior. Não é um
trabalho autônomo, como se fosse de um profissional liberal. Ponto.
Por seu turno, é
necessário salientar que Cuba é um país socialista e que a população aceita e
considera normal que os recursos conseguidos no exterior por uma categoria
profissional, a exemplo dos médicos, sejam investidos na sociedade. O trabalho
dos médicos no exterior ou de qualquer outra categoria profissional é
considerado como dividendos de exportação de serviços e por isso são compartilhados.
As empresas brasileiras, notadamente as de engenharia que exercem atividades no
exterior, também têm procedimento semelhante em relação aos seus profissionais.
Mesmo assim a
direita midiática joga pedras em qualquer iniciativa do governo trabalhista de
Dilma Rousseff, a exemplo com fez com o ex-presidente Lula. Não consideram nada
e não se importam com as pessoas, a não ser com os seus patrões, porque
precisam garantir seus empregos e privilégios e, por conseguinte, defender os
interesses políticos e econômicos dos magnatas bilionários que desejam fazer do
Brasil um clube VIP para poucos privilegiados. A preocupação da direita é
meramente eleitoral. São os votos do Mais Médicos que deixa os reacionários
nervosos e agressivos. Bem-vindo os médicos cubanos. É isso aí.
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