Esquema de
corrupção de agentes públicos do governo de São Paulo não se limitou ao setor
de transporte sobre trilhos, de acordo com denúncia da multinacional alemã;
"[Esse tipo de prática] também é comum nas áreas de transmissão e
distribuição de energia, geração de energia e na divisão de sistema de
saúde", denunciou em carta anônima um ex-executivo da empresa, em junho de
2008; informações levaram a investigações sem precedentes no Cade; apesar de a
denúncia não citar nomes ou esferas de governo, será que os governantes tucanos
continuarão a afirmar que nada sabiam, como fez Geraldo Alckmin?
O esquema de
propina a autoridades do governo de São Paulo e do Distrito Federal não se
limitava ao setor de transporte sobre trilhos, de acordo com denúncias da
Siemens. A multinacional alemã, que revelou práticas de corrupção em licitações
do Metrô e trens, também apontou formações de cartel em outras duas áreas pelas
quais a empresa trabalhava diretamente com o governo.
"Esse tipo de
prática não é privilégio da divisão de transportes. Elas também são comuns nas
áreas de transmissão e distribuição de energia, geração de energia e na divisão
de sistema de saúde, que trabalham com empresas públicas", diz o trecho de
uma carta anônima enviada de um ex-executivo ao ombudsman da companhia, na
Alemanha, e a autoridades brasileiras.
Datada de junho de
2008, a carta de cinco páginas, 77 tópicos e seis anexos, como revela
reportagem do jornal O Estado de S.Paulo desta sexta-feira 23, levou a
investigações sem precedentes no Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade). Os investigadores concluíram que a rotina denunciada no documento
envolve fraudes em concorrências públicas e pagamentos de propinas a
autoridades brasileiras.
"É
impressionante observar que, apesar de todos os escândalos e consequências para
toda a companhia, a Siemens Brasil continua pagando propinas no Brasil para
conseguir contratos lucrativos", diz ainda o denunciante. Em São Paulo, a
Siemens tem diversos contratos com a Cesp, do setor de energia. Mas há também
negociações com empresas de outros estados, como Furnas, Chesf e Eletronorte,
controladas pela Eletrobras.
Para os
investigadores, não há dúvidas sobre a veracidade das denúncias, uma vez que
outras informações reveladas na carta foram confirmadas por seis ex-executivos
da Siemens que firmaram um acordo de leniência com o Cade em maio desse ano.
Além do cartel nos transportes, o Conselho apura possível violação à competição
no setor energético, investigação instalada em 2006 e não concluída. A formação
de cartel na venda de transformadores de distribuição de energia elétrica teria
causado prejuízo de ao menos R$ 1,7 bilhão a empresas públicas do setor entre
1988 e 2004.
Apesar de não citar
nomes de políticos ou esferas de governos, a tese de que seria praticamente
impossível o governo estadual não saber de fraudes em compras bilionárias se
mantém em outras áreas, além dos trens. No caso das denúncias sobre o setor de
transporte, o governador Geraldo Alckmin garantiu que nada sabia e fez questão
de frisar que o Estado é "vítima" caso seja comprovado o cartel. Será
que ele e seus antecessores tucanos não sabiam também das práticas nos demais
setores denunciados pela Siemens? Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário