sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Governo diz que médico cubano deverá ganhar até R$ 4 mil reais



Informação foi dada pelo secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes; segundo ele, a variação é baseada em acordos similares que o governo cubano tem com outros países; "Geralmente ficam na proporção de 25% a 40% [do que é pago pelo país]", disse, após reunião, com o secretário de Saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa


Thais Leitão e Yara Aquino*, Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Os 400 médicos cubanos que atuarão no Programa Mais Médicos deverão ganhar entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil por mês, informou hoje (23) o secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes. Segundo ele, a variação é baseada em acordos que o governo cubano tem com outros países para onde também foram enviados os profissionais.

Menezes ressaltou que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com quem o governo brasileiro assinou um termo de cooperação, é responsável pela intermediação do acordo com o governo cubano. Segundo o Ministério da Saúde, a pasta repassará à Opas R$ 511 milhões até fevereiro de 2014, valor equivalente às condições fixadas pelo edital do Mais Médicos - de R$ 10 mil para cada profissional. Em seguida, a Opas enviará os recursos ao governo cubano, que pagará aos médicos o valor que for definido por critérios próprios.

"Tomando como base outros contratos, já que o governo cubano tem acordos no mundo todo, eles [os salários] geralmente ficam na proporção de 25% a 40% [do que é pago pelo país que recebe os médicos], mas aí depende daquilo que o país tem como custo de vida e da condição e qualidade que o médico vai ter naquele país", disse, após reunião, com o secretário de Saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa.

O secretário-adjunto do Ministério da Saúde informou ainda que os valores pagos aos médicos cubanos que vierem para o Brasil poderão variar conforme o custo de vida nas cidades para onde forem enviados. "Esse valor exato varia e vai variar, porque uma vez estabelecidas as condições de onde se vai viver, o médico cubano recebe mais ou menos", disse.

Ele ressaltou que os médicos, brasileiros e estrangeiros, que participarem do programa, terão ajuda dos municípios para custear despesas com moradia e alimentação. Além desses gastos, as prefeituras são responsáveis por oferecer o deslocamento do aeroporto até o município onde atuará e, em casos de locais de difícil acesso, disponibilizar transporte diário da moradia até a unidade de atendimento.

Segundo informações da BBC Brasil, o contingente de profissionais de saúde cubanos fora da ilha inclui, atualmente, 15 mil médicos, 5 mil técnicos de saúde, entre outros, trabalhando em 60 países. De acordo com a agência de notícias, eles geram lucro ao país de aproxidamente US$ 5 bilhões (R$ 10,6 bilhões) ao ano. Na Venezuela, por exemplo, o serviço que os médicos cubanos prestam permite que Cuba receba 100 mil barris diários de petróleo.

Para muitos países em desenvolvimento, os médicos cubanos representam um atrativo por estarem dispostos a trabalhar em lugares que os profissionais locais evitam, como bairros periféricos ou zonas rurais de difícil acesso, onde moram pessoas de baixíssimo poder aquisitivo. Além disso, eles recebem, em geral, remunerações mais baixas.

A estimativa é que, atualmente, permaneçam em Cuba 75 mil médicos, em uma proporção de um profissional para cada 160 habitantes. A taxa é a mais alta de toda a América Latina. O acordo com a Opas prevê a vinda de 4 mil profissionais para o Brasil, número que corresponde a pouco mais de 5% dos médicos que hoje trabalham em Cuba.

Entre a população local, a exportação dos profissionais causa divergência, porque afeta principalmente a figura do médico de família, que atende em todos os bairros e encaminha os pacientes para especialistas ou hospitais.

A primeira missão de saúde ao exterior foi organizada por Cuba em 1963. Apesar da escassez de médicos à época, foram enviados profissionais à Argélia para apoiar os guerrilheiros que acabavam de conseguir a independência do país. Eram os primeiros de 130 mil colaboradores que, ao longo dos anos, já trabalharam em 108 países.


*Com informações da BBC Brasil

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