Eduardo Guimarães
Globo, PSDB e a
máquina comunicacional que controlam constituem uma legítima ameaça à
democracia e fazem do país uma republiqueta bananeira na qual há escândalos
investigáveis e ininvestigáveis
Ao que tudo indica, o
acobertamento pela grande mídia de escândalos “amigos” pode ter ultrapassado
aquela barreira que, seja quem for que ultrapasse, obriga as instituições
corrompidas deste país a ao menos darem uma satisfação à sociedade.
Como se sabe,
escândalos políticos como o que envolve a compra de trens de metrô da alemã
Siemens pelos governadores Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra –
escândalo cujos indícios surgiram há anos no caso Alstom, que não foi
investigado corretamente no Brasil – nunca dão em nada se a grande imprensa não
se interessa por eles.
O escândalo
PSDB-SP/Siemens, por exemplo, é muito mais grave do que o do mensalão do PT,
pois quem se corrompeu ao longo de duas décadas de governos tucanos em São
Paulo não o fez com o fim “institucional” de comprar apoio político, mas para
auferir enriquecimento pessoal.
E a soma envolvida é
muito maior – 400 milhões de reais.
Apesar disso, os
veículos que lideraram uma das maiores coberturas jornalísticas da história
mundial sobre um escândalo político – cobertura que rivaliza com a do escândalo
norte-americano Watergate -, a do escândalo do mensalão, até o momento se
recusam a noticiar um caso que pode – apenas pode – sair do controle dos
moralistas de Globos, Folhas, Vejas e Estadões.
Até o momento, entre
os grandes grupos de mídia supracitados – os únicos que conseguem fazer
escândalos “andar” – não se disse praticamente nada. Nenhum colunista
indignado, nenhum editorial demolidor e insultante aos envolvidos.
O tom dos poucos, ou
melhor, dos raríssimos textos nessa mídia – na falta de uma só matéria na Globo
– sobre escândalo dessa monta envolvendo o sacrossanto PSDB paulista, chega a
ser compungido.
Um colunista da Veja
tocou no assunto. O tom do texto contrasta escandalosamente com os que a mesma
figura escrevia sobre o mensalão do PT. Veja, abaixo, post do colunista da
revista Veja Ricardo Setti
—–
Do Blog de RicardoSetti no portal da Veja
Geraldo Alckmin
30/07/2013 às 20:28 \
Política & Cia
Denúncias sobre
supostas roubalheiras no metrô e trens de SP devem ser investigadas a fundo —
tanto para colocar na cadeia os culpados como para não permitir o linchamento
dos inocentes
A Folha de S. Paulo
informou que a multinacional alemã Siemens admitiu devolver aos cofres do
Estado de São Paulo “parte do valor” que teria sido superfaturado no
fornecimento de equipamentos de trens e metrô paulistas, durante uma reunião de
executivos da empresa com promotores do Ministério Público estadual, na semana
passada.
A Siemens, como se
sabe, informou ao Conselho de Defesa Econômica do Ministério da Justiça (CADE)
— órgão que tem como missão propiciar a livre concorrência entre empresas e
barrar a formação de trustes –, sua própria participação num cartel formado
para obter vantagens ilícitas em licitações para compra de equipamento
ferroviário e para a construção e a manutenção de linhas de trens e metrô em
São Paulo e também no Distrito Federal.
O esquema de
maracutaias, que podem haver inflado preços em até 20% dos níveis de mercado,
teria acontecido entre 1995 e 2003, período em o Estado foi governado pelos
tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin.
Além da Siemens, a
malandragem envolveria também subsidiárias das multinacionais Bombardier
(canadense), Alstom (francesa), Mitsui (japonesa) e CAF (espanhola), e as
empresas nacionais Serveng-Civilsan, Tejofran, TTrans, MGE, TCBR, Temoinsa e
Iesa.
Acho interessante que
a Siemens se proponha a devolver “parte” de um dinheiro que, ela própria
admite, embolsou ilegalmente. O que conheço em matéria de trocar informação
sobre crime por benefícios é a delação premiada — mas ela vale para as pessoas
que, ajudando a polícia a investigar, obtêm do Ministério Público e da Justiça
a vantagem de diminuição de pena.
De todo modo, a
Siemens anunciou que “coopera integralmente com as autoridades”, postura
mantida pelas demais empresas.
O governador Geraldo
Alckmin, de sua parte, afirmou que os fatos serão investigados “rigorosamente”.
E é absolutamente
necessário que sejam. Se houve roubalheira, como parece ser o caso, é preciso
que a polícia e o Ministério Público ajam com rigor e rapidez, para descobrir
como, quando, e, sobretudo, quem.
Quem tem culpa no
cartório?
Secretários ou
ex-secretários de Estado?
Os presidentes ou
ex-presidentes do Metrô ou da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos?
Ex ou atuais
diretores de ambas as estatais?
Covas?
Alckmin?
Os dois?
A ação é importante,
adicionalmente, porque, enquanto flutuar no ar a acusação genérica de que houve
ladroagem nos governos de Covas e de Alckmin — que podem perfeitamente estar
inocentes de tudo isso –, somente os nomes de ambos estará na berlinda.
Covas, morto em 2001,
foi um político de integridade indiscutível. Alckmin nunca teve contra si
alegações de desonestidade pessoal. Até prova em contrário, são inocentes, até
porque a Constituição assim prevê e garante.
Quanto mais as
investigações sobre os culpados demorarem, mais serão linchados moralmente."
—–
É muita cara-de-pau.
Desde quando as trajetórias ilibadas de José Dirceu ou de Lula impediram
“linchamentos” e “ilações” contra eles pelo patrão desse sujeito aí em cima,
quando eclodiu o escândalo do mensalão?
Lula, que até hoje
nunca teve uma só mácula contra si, é tratado por esse Setti e por seus pares
como um bandido. Dirceu, que jamais se envolvera em escândalo nenhum até ser
acusado em 2005, desde o primeiro momento foi tratado pela Veja e Cia. como
culpado.
Mas o pior é que o
textinho de Setti ainda acoberta Serra, que integra o seleto grupo de
governadores de São Paulo que, nos últimos vinte anos, conviveram com a
roubalheira desabrida no governo do Estado e que, tanto quanto José Dirceu,
terão que ser cobrados pelo “domínio do fato”.
Mas Setti esqueceu o
“domínio do fato”; contra tucanos, pede provas enquanto brada “Linchamento!
Linchamento!”.
No entanto, ao tocar
no assunto o colunista da Veja mostra que vai ficando difícil escondê-lo. A
Siemens confessou o suborno aos governos do PSDB paulista ao longo de duas
décadas e não dá mais para deixar de perguntar por que o “domínio do fato” pode
ser usado contra o PT, mas não pode ser usado contra o PSDB.
Se José Dirceu, mesmo
afastado do PT, foi responsabilizado pelo que ocorreu no âmbito do partido, por
certo que Covas, Alckmin e Serra têm que responder pelo que ocorreu no governo
deles mesmos e que ignoraram apesar de as acusações à Alstom e à Siemens serem
notórias.
Esses governadores de
São Paulo, note-se, não determinaram nenhuma investigação. Varreram tudo para
debaixo do tapete. No mínimo, prevaricaram.
O escândalo envolve
atividades da Siemens em várias partes do mundo e já ganhou projeção internacional.
A coisa está tomando uma dimensão tal que o jornal Folha de São Paulo, que até
aqui escondeu o assunto, publicou, nesta quinta-feira (1.8), carta de leitor
que cobra a mídia pelo ocultamento desse terremoto político que vai se
desenhando.
Blog da Cidadania
2 comentários:
Amanha os blogs sujos param de falar desses malfeitos da Globo e dos Tucanos e tudo fica por isso mesmo, pois a midia como sempre è parte do jogo e do lucro.
OS BLOGS SUJOS TEM O DEVER DE FALAR DISSO DIARIAMENTE, NEM QUE SEJA SOMENTE UMA MANCHETE SEM TEXTO.
ISSO NAO PODE CAIR NO ESQUECIMENTO COMO FOI A PRIVATARIA TUCANA, considerada por todos cidadaos conscientes com o maior roubo praticado por um governo dito democratico em todo o mundo.
Amanha os blogs sujos param de falar desses malfeitos da Globo e dos Tucanos e tudo fica por isso mesmo, pois a midia como sempre è parte do jogo e do lucro.
OS BLOGS SUJOS TEM O DEVER DE FALAR DISSO DIARIAMENTE, NEM QUE SEJA SOMENTE UMA MANCHETE SEM TEXTO.
ISSO NAO PODE CAIR NO ESQUECIMENTO COMO FOI A PRIVATARIA TUCANA, considerada por todos cidadaos conscientes com o maior roubo praticado por um governo dito democratico em todo o mundo.
Postar um comentário