E-mails que fazem
parte dos documentos em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) na investigação sobre o cartel de empresas de trens revelam que
funcionários da Siemens disseram que tanto o ex-governador José Serra (PSDB),
de São Paulo, quanto o então deputado José Roberto Arruda, ex-governador do
Distrito Federal, tinham ciência da ação das empresas no setor
metroferroviário.
Arruda nega a
informação e, em entrevista à "Folha de S. Paulo", Serra disse que a
licitação citada "foi acirrada, foi anticartel". Ele negou que
tivesse tido "encontros privados" com executivos da empresa.
O e-mail que cita o
ex-governador tucano fala de um encontrou durante uma conferência, a UIC, maior
reunião mundial de empresas de transporte público, em 2008.
A mensagem, enviada
por Nelson Branco Marchetti, um ex-funcionário da Siemens, diz a três colegas
que a licitação seria cancelada caso a empresa CAF não estivesse entre as
vencedoras.
"O senhor
[José] Serra confirmou que, se a proposta da CAF não tiver condições de ser
qualificada, a concorrência será cancelada", diz o texto.
O executivo disse
também, segundo a documentação, que Serra não queria que a licitação tivesse
atrasos. Por isso, ele e o então secretário dos Transportes Metropolitanos José
Luiz Portella teriam mencionado que considerariam uma proposta em que a Siemens
oferecesse 30% dos trens.
"Outra solução
a ser considerada seria a horizontal, com fornecimento de componentes" à
empresa vencedora. "Ambas as afirmações acima foram confirmadas mais uma
vez pelo pessoal do senhor Portella", diz ainda a mensagem.
Arruda
O ex-governador
Arruda é citado em outra mensagem, datada de janeiro de 2006, quando estavam em
negociação a contratação de empresas que fariam a manutenção do metrô de
Brasília.
A mensagem em posse
do Cade é do executivo da Siemens Everton Rheinheimer. Ele relata um encontro
com Arruda em que ficaria sabendo que o então governador Joaquim Roriz não
queria cancelar a licitação --que estava sendo disputada.
Em outra mensagem,
o executivo diz que a "vontade do cliente [o Metrô do DF] é que a Siemens
saia vencedora".
O texto mostra
ainda que os executivos teriam ficado preocupados em conseguir cumprir os
prazos legais para apresentar as planilhas de preços. Como o haveria tempo, a
solução foi usar parte das planilhas de custos estabelecidas pelo Distrito
Federal. "Podemos tomar os preços base do edital (que sabemos estarem
'folgados') e reduzi-los linearmente."
O advogado de
Arruda, Edson Smaniotto, afirmou que as negociações para a manutenção do Metrô
do DF eram feitas pela própria empresa, que "tem autonomia
administrativa". Segundo o advogado, "os contratos foram renegociados
e houve uma redução de 30% no preço" durante a gestão de Arruda. Ele
destacou ainda que Arruda não participou da criação daquela licitação.
"Ele assinou o contrato que foi deixado da gestão anterior", disse.
As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".
Um comentário:
O lema agora é: prenda um careca e leve dois carecas ao xadrez.
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