Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Há mais de dez
anos, os partidos políticos, à frente o PT, que formam a coalizão para
fortalecer a base política e partidária do Governo trabalhista no Congresso
Nacional, bem como no que diz respeito ao controle administrativo dos
ministérios têm sido acusados e denunciados, sistematicamente, pela mídia
burguesa de todo o tipo de corrupção, sendo que incontáveis vezes as acusações
sem perderam por si próprias, porque, na verdade, não passavam de ilações e
maledicências, que tinham a força de um tiro nas águas de um rio ou lago.
Entretanto, tais
acusações infundadas e denúncias vazias causaram grandes transtornos e
prejuízos profissionais, políticos e pessoais a muitas pessoas, que tiveram
suas vidas devassadas e que moralmente sofreram com toda ordem de escárnio,
deboche, e humilhação, ao tempo em que a imprensa de mercado se negava a dar o
mesmo espaço nas diferentes mídias que tal sistema privado de comunicação
controla aos políticos, às autoridades e a muitos dos assessores para poderem
ao menos dar explicações ou se defender.
Ministros caíram, a
exemplo de Orlando Silva, dos Esportes, e Carlos Lupi, do Trabalho, dentre
outros, bem como a chefe da Casa Civil da presidenta Dilma Rousseff, Erenice
Guerra, que desde os tempos do presidente trabalhista, Luiz Inácio Lula da
Silva, sofria com as acusações de uma imprensa irresponsável, facciosa e
indiscutivelmente partidária e ideologicamente de direita, que, indisposta a
ouvi-la, a combateu sistematicamente, até que Dilma a afastasse do cargo para
que a ministra pudesse se defender no Judiciário e, consequentemente, dar uma
resposta à sociedade brasileira quanto às acusações.
Erenice foi
acusada, em reportagem da revista Veja, que depois foi repercutida pelos
jornais Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo, além do Jornal Nacional, de
montar, no Palácio do Planalto, uma central de propinas que cobrava de
empresários 6% para fazer os projetos tramitar com celeridade. O filho de
Erenice, Israel Guerra, era apresentado pela imprensa corporativa como
“consultor de negócios”.
Depois de dois anos
afastada do Palácio do Planalto, Erenice Guerra teve seu processo arquivado
pelo Tribunal Regional Federal. As acusações de a ministra ter cometido tráfico
de influência e seu filho ser considerado lobista foram consideradas improcedentes.
O juiz da 10ª Vara Federal, Vallisney de Souza Oliveira, afirmou em sua decisão
não haver nenhuma prova contra a ex-Chefe da Casa Civil. O advogado
criminalista, Mário de Oliveira Filho, disse na época que as provas que foram
exibidas na investigação levaram à conclusão de que a ex-ministra não praticou
crime nenhum. E enfatizou: “Eram acusações absolutamente infundadas, sem nenhum
lastro de prova real e concreta contra ela.
Caso semelhante e
tão grave quanto aos episódios citados aconteceu com o governador do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz, do PT. O bicheiro, “diretor e pauteiro” de revista,
Carlinhos Cachoeira, acumpliciado com a Veja do senhor Robert Civita e do
jornalista Policarpo Jr., também conhecido pela alcunha de “Caneta”, tentaram
derrubar o mandatário brasiliense, ao incluí-lo em questões sobre corrupção,
tráfico de influência, além de ter formalizado negócios com o bicheiro parceiro
do senador cassado do DEM de Goiás, Demóstenes Torres, além de ter influência
no governo do tucano Marconi Perillo, político goiano que depôs na CPMI do
Cachoeira e que até hoje é investigado pelo Ministério Público.
Agnelo também depôs
na CPMI, abriu o verbo, mostrou provas contundentes de que nunca se envolveu
com o Cachoeira, “pauteiro” da Veja, bem como seu governo não participou de
quaisquer tratativas, negócios ou acordos com tal personalidade, que ficou
preso no presídio da Papuda em Brasília. Após sua emblemática participação na
CPMI, Agnelo foi esquecido pela imprensa de negócios privados, que precisava de
um bode expiatório, de preferência do PT, para se contrapor à lama, ao lamaçal
em que ficaram atolados o governador Perillo, Carlinhos Cachoeira, a Veja e seu
diretor, Caneta, além de Demóstenes Torres, até então considerado pela
imprensa, de razão lacerdista, o arauto da família, da moral e dos bons
costumes. Pois é... Não deu para concluir o golpe de joão-sem-braço, e o
petista Agnelo saiu fortalecido ao tempo que imprensa golpista teve de
engoli-lo.
Esses fatos que
aqui narro nesta tribuna do Brasil 247 representam uma porcentagem ínfima em
razão do que os donos do sistema midiático privado fazem e realizam para
desestabilizar politicamente as instituições republicanas e desqualificar e
desmoralizar os mandatários legitimamente e legalmente eleitos pelo povo
brasileiro, ainda mais quando a autoridade a ser combatida atua no campo da
esquerda.
A imprensa
alienígena e de caráter entreguista tergiversa, dissimula e distorce a verdade,
os fatos e os acontecimentos. O faz em nome da liberdade de expressão e de
imprensa, como forma de enganar os ingênuos, os desavisados, os ignaros, bem
como se alia àqueles que se tornam seus cúmplices, pois eles sabem, até mesmo
instintivamente, que a imprensa comercial combate os trabalhistas e a esquerda
em geral.
Por causa disso
compram o “barulho”, os interesses da imprensa burguesa, por serem
ideologicamente conservadores, a exemplo da classe média coxinha, que
certamente compreende o que faz quando sai às ruas de forma “apolítica” e
“apartidária”, quebra e queima tudo o que está à sua frente, porque são contra
“tudo o que está aí”, frase assertiva que significa Lula, Dilma, PT, esquerda e
trabalhistas.
Além disso, as
manifestações desses indivíduos foram consideradas “pacíficas”, palavra-chave
usada pelos jornalistas da imprensa de negócios privados para amenizar a
violência de quem cometeu violência e crimes, porque simplesmente para a mídia
imperialista tais movimentos podem beneficiar os interesses políticos da
oposição tucana, e, evidentemente, de seus patrões, proprietários, inclusive,
de concessões públicas de meios de comunicação, como rádio e televisão.
A verdade é a
seguinte: concessão pública de comunicação sem fiscalização é doação. A
Constituição de 1988 regulamenta os meios de comunicação, mas até hoje artigos
importantes da Carta Magna sobre esse assunto não foram regulamentados. E deu
no que deu: empresários bilionários que não respeitam a ordem constitucional e
que, mesmo a disfarçar seus caráteres golpistas por intermédio de opiniões de
seus empregados escribas, odeiam a democracia e o estado democrático de
direito. As seis famílias que controlam os meios de comunicação privados
admiram mesmo é sistema de ditadura, se possível militar, como ocorreu no tempo
de 1964 a 1985.
Eis que para o desgosto
e preocupação dos barões da imprensa as multinacionais Siemens e Alstom
resolvem fazer denúncias, pois enfrentam dificuldades judiciais em seus países
de origem — a Alemanha e a França, bem como nos Estados Unidos. As denúncias de
formação de cartéis para vencer licitações das obras do metrô de São Paulo
atingiram os governadores Mário Covas (falecido), José Serra e Geraldo Alckmin,
todos do PSDB. Os valores envolvidos são gigantescos (R$ 425 milhões) e mexem
com o imaginário popular.
Os tucanos negam,
como era de se esperar; e o governador Alckmin responde às acusações como se
tivesse ensaiado na frente do espelho o que dizer para a grande imprensa, que,
durante cerca de dez dias após as denúncias, resolveu dar o ar da graça e
veicular alguma coisa sobre mais outro escândalo de políticos do PSDB, mas
sempre dando voz ativa aos tucanos para eles darem explicações, bem como se
defender, como o faz diariamente o governador Geraldo Alckmin, o ex-governador
José Serra, o vereador Andrea Matarazzo, dentre outros que integram ou
integraram os governos paulistas controlados pelo PSDB há 20 anos.
Aliás, a Rede
Globo, diferentemente da Folha de S. Paulo, que, para a surpresa de muitos
leitores tem colocado o dedo na ferida aberta, que atinge os interesses
políticos da imprensa de mercado e do PSDB, tem buscado dar evidência negativa
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia vinculada ao
Ministério da Justiça, que investiga a formação de cartel em licitações para a
aquisição de equipamentos, construção e manutenção de linhas de metrôs e trens
em São Paulo.
Para amenizar e
distorcer as evidências noticiosas que pegam os tucanos com as mãos nas
botijas, a Globo e jornais, a exemplo do Estadão, citam o Distrito Federal,
onde o governador é do PT, para causar confusão ao público, bem como
desqualificar as investigações do Cade e da Polícia Federal, ao repercutir e
dar credibilidade às acusações de que o Cade se transformou na polícia política
do PT, como já afirmaram, “espertamente”, alguns jornalistas da imprensa
alienígena e políticos ligados ao PSDB. Um absurdo e maledicência as acusações
tucanas, porque o Cadê é órgão do estado brasileiro, independente, e que
investigou inúmeros casos ligados aos petistas, que estão não poder ao tempo de
11 anos.
Geraldo Alckmin
solicitou ao Cade acesso aos processos, o que foi negado pelo órgão,
evidentemente. A questão das denúncias da Siemens e da Alstom não se equivale a
uma disputa política como quer fazer crer setores conservadores da imprensa
privada e os políticos, empresários, secretários de estado e técnicos
envolvidos com supostas corrupções e malfeitos conduzidos e efetivados por
autoridades do PSDB.
A teoria
conspiratória em que o PT é o conspirador é uma farsa, um embuste e que não vai
colar, porque até a questão do Distrito Federal já foi “esquecida” pela
imprensa dos barões, que correu atrás para tentar esvaziar mais um escândalo
tucano, mas percebeu rapidamente que os malfeitos ocorridos no DF são relativos
aos governos de Joaquim Roriz, senador que renunciou ao mandato para não ser
cassado, e José Roberto Arruda, governador cassado, que ficou preso durante
meses. Agnelo Queiroz, do PT, não teve quaisquer envolvimentos com a Alstom e a
Siemens, tanto é verdade que as ilações contra ele pararam e seu nome saiu das
manchetes.
O Ministério
Público de São Paulo está a apurar os envolvidos nesse escândalo de R$ 425
milhões, de acordo com o Cade e o MP. Investiga-se supostos enriquecimento
ilícito e lavagem de dinheiro público de autoridades paulistas. Os contratos
firmados entre as multinacionais e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM) e o Metrô são da ordem de R$ 1,925 bilhão, ou seja, quase R$ 2 bilhões.
Se a concorrência não fosse de cartas marcadas, os custos das obras e de
manutenção seriam 30% menores, segundo os números repassados pela Siemens e
também repercutidos pela “grande” imprensa.
O prejuízo para São
Paulo e o contribuinte é de R$ 557 milhões, segundo documentos da empresa
alemã. Enquanto isso, São Paulo e a capital oferecem um dos piores serviços de
transportes do Brasil, com pouca oferta, sem competição empresarial e com os
veículos (trens e metrô) abarrotados de cidadãos paulistas, paulistanos e
brasileiros, que são carregados pior do que gado.
Até agora não se
ouviu ainda com vigor o bordão “Vem pra rua”! E muito menos se leu ou se ouviu
algum “especialista” de prateleira da Globo News, das televisões abertas ou
jornalistas, comentaristas, colunistas e blogueiros a apagar o incêndio, que é
esse escândalo, com gasolina. E foi, sem sombra de dúvida, que tais jornalistas
e “especialistas” fizeram quando da ocupação das ruas pela classe média coxinha
oportunista, que saiu às ruas a babar de ódio para contestar “tudo o que está
aí”, ou seja, a Dilma, o Lula, o PT e o governo trabalhista.
A verdade é que a
quadrilha dos trilhos está a ser desvendada, porque a Siemens e a Alstom
delataram autoridades dos sucessivos governos tucanos de São Paulo. Aliás, é
salutar lembrar ou não esquecer: essas duas multinacionais também respondem a
acusações, denúncias e são alvos de investigações em seus países de origem e
nos Estados Unidos. Além disso, O Estadão revelou que o MP sabe que agentes
públicos receberam subornos, que foram depositados em três empresas de offshore
sediadas no Uruguai.
Contudo, insisto, a
televisão aberta e principalmente a Globo tocam no assunto de forma tímida, o
que, inegavelmente, não foi a postura jornalística que tiveram, por exemplo,
com o PT, o Lula, a Dilma e principalmente com os petistas José Dirceu e José
Genoíno nos últimos 11 anos. Não há termos de comparação; e até mesmo aqueles
cidadãos que se tornam hidrofóbicos quando escutam ou leem as palavras
socialista, trabalhista e petista hão de perceber que a imprensa de mercado tem
lado, tem cor, tem ideologia, toma partido e combate a esquerda desde tempos
idos,
Agem dessa forma
sem ao menos se preocuparem em fazer jornalismo para toda a sociedade. Não se
importam em ouvir os lados envolvidos, com o intuito de dar voz ativa a quem é
alvo de denúncias, acusações e até mesmo de covardias, sendo que muitas delas
previamente calculadas, pois tem o propósito de desconstruir aqueles que os
donos do sistema midiático privado consideram os inimigos a serem derrotados ou
destruídos.
Hoje, por exemplo,
o Jornal Hoje, da TV Globo, cujos âncoras são os jornalistas Evaristo Costa e
Sandra Annenberg, não tocou no assunto sobre a delação da Siemens e da Alscom
ao Cade, que deixou as autoridades paulistas e tucanas e situação dificílima,
pois acusadas de corrupção, que chega ao montante de R$ 425 milhões. É muito
dinheiro em um só caso, que isto fique claro. O Jornal Hoje se dedicou a casos
escabrosos relativos a crimes de sangue e roubo, a exemplo dos casos do garoto
que supostamente matou quatro membros de sua família, sendo que dois são
policiais; da menina Isabela Nardoni, morta pelo pai e madrasta, que estão
presos há cinco anos; do Amarildo, que sumiu da Rocinha e policiais são
acusados e investigados pelo sumiço; além do famoso caso do Trem Pagador, que
teve como um de seus protagonistas o famoso ladrão Ronald Biggs, que morou
décadas no Brasil e roubou, em 1963, £$ 2,6 milhões.
Como se observa a
Globo é um caso perdido de desfaçatez, incongruência, incoerência e péssimo
jornalismo. Quer dizer que um escândalo dessa envergadura, que envolve duas
multinacionais poderosas e europeias, políticos do PSDB paulista, que estão,
indubitavelmente, entre os mais poderosos do País, além de liderarem a oposição
aos governos trabalhistas, bem como atuam o poderoso Ministério Público de São
Paulo e o Cade, do Ministério da Justiça, não é para a Globo assunto de pauta,
relevante para a Nação e importante por causa dos indivíduos citados, dos
valores monetários e das instituições envolvidas?
Então, a Globo
(patrões, diretores e editores) em seu tradicional vespertino, o Jornal Hoje,
“esquecem” tal pauta ou fazem política, às claras, na maior insensatez possível
e, consequentemente, escondem um elefante debaixo da mesa e acham que ninguém
vê e percebe o jornalismo partidário e ideológico que essa televisão de
concessão pública apresenta para o povo brasileiro? A realidade é que essa
empresa privada vive em um mundo surreal, onde ela determina que seus
interesses e de seus aliados estão acima dos interesses do Brasil e dos 200
milhões de brasileiros que lutam dia a dia para terem acesso a uma vida de
melhor qualidade.
O que é a Globo? Um
estado dentro do estado nacional? Como pode uma empresa privada fazer a vez da
oposição e mesmo assim as autoridades constituídas não fazem nada a respeito
disso? Artigos da Constituição de 1988 até hoje não foram regulamentados e que
dispõem sobre o marco regulatório foram “esquecidos” por quem tem a obrigação
constitucional de regulamentá-los, como o Governo Federal e a sua bancada no
Congresso Nacional. A Siemens e a Alstom querem se livrar de seus processos em
diversos países e de inúmeros esqueletos guardados em seus armários. E vários
desses esqueletos tem os DNA e as digitais dos tucanos, apesar dos rodeios e
subterfúgios das Organizações(?) Globo e da imprensa em geral. A Globo acha o
povo bobo. É isso aí.
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